A Paraíba deu mais uma amostragem de inteligência à jurisprudência nacional brasileira ao trazer ao mundo José Américo de Almeida. Depois de longa carreira dedicada à vida jurídica, José Américo nos deixou em 1980 mas, antes da derradeira partida, nos agraciou com sábias palavras: "Ver bem não é ver tudo. É ver o que os outros não vêem".
É, miseravelmente, lamentável que Marcos Aurélio Mendes de Farias Mello, ex ministro da Suprema Corte do Brasil, de 1990 a 2021, não tenha se pautado pelas linhas de José Américo pois, em seu entender, a ordem das palavras do paraibano não somente foi trocada como, assim, também, alterado todo o vigor de seu anúncio. Tenho a certeza que, para Março Aurélio, aquela dimensão foi alterada para "ver bem é ver tudo e não ver o que todo mundo vê". Ministro, eu sou um leigo ao seu lado mas, minha finada mãe sempre afirmou que eu podia enxergar por detrás das paredes. Por anos corridos achei que mamãe se deu ao deleite do exagero mas, pouco antes de sua morte, comecei a aceitar o que ela dizia.
Ministro, que o senhor não goste de Lula, que o senhor possa até declinar, arbitrariamente, da gestão do ex presidente é até aceitável. O que não se aceita é o senhor dizer que vai votar em Bolsonaro. Daí, o que diria eu de respeitar cabelos brancos? Depois de um bárbaro levar um grande número de brasileiros à morte, depois de um estúpido entregar parte de nosso patrimônio a terceiros, depois de um fascista se cercar de gente da pior índole para compor seu desgoverno, depois de um vagabundo fazer chacota da má respiração de muitos compatriotas e muito mais, o senhor dizer que ainda votará nessa escória eu não necessito usar álibi das palavras de mamãe para afirmar que o senhor é um sem sentido. Que poderia eu dizer de seus julgamentos durante sua passagem pela corte? A inteligência privilegia a alguns quantos e a estupidez disfarça a outros tantos. Luiz Ferraz