sábado, 1 de agosto de 2015

OBRA INACABADA DE UMA COLHER DE PEDREIRO

Obra Inacabada de uma colher de pedreiro

Na vida, sou mão de ferro
mas também sei alisar, 
tal e qual um João de Barro
que faz do bico a destreza
de tirar da natureza 
o mais puro edificar.
Eu enxergo em minha mão
os cinco andares de um predio:
o mínimo, anular, o médio, fura bolo e polegar.
Empurro a mão na areia,
faço pirão de cimento, 
dou caratê em tijolo,
faço base, acentamento, 
ando no alinhamento
em busca de indireitar.
Reboco de lá pra cá,
chapisco em meia colher, 
e acreditem, se quiser, 
me divirto em chapiscar;
me atrepo nos andaimes,
arriscando desabar;
e no fim de cada dia, 
rezo tres Alvenarias,
pra sorte me acompanhar.
E nessa luta de fé,
Assumo, em voz de colher, 
que no ramo da construção, 
minha única frustração
é não conseguir pintar.
Mas carma, meu pessoá,
eu vou dizer pra vocês
que se tiver tinta Xadrex,
e um piso pra terminar,
eu meto a mão na cumbuca,
misturo o tal tingimento,
e cubro o chão de cimento,
com o mais vermelho encarnado,
e deixo semi acabado,
só carecendo encerar.

       Jessier Quirino

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