Vividas, de contador de estórias,
Contas tu, uma dor sofrida,
Chama-te, simplesmente, a ti, memória.
Para que te quero a ti, miserável espanto?
Que me fazes sofrer em falsa glória.
O passado, lembras tu, a todo encanto,
Mas não sou eu, e, sim, tu, memória.
Descobres tu, o manto do passado,
Embelezas a mil, toda aquela escória,
E do pó cinzento, vê-se, ainda, os retalhos,
Comtempla-te tu, maldita e boa memória.
Deixa-me viver meu finais e velhos dias,
Envelhecer minha arte bela e compulsória,
Para que material, tenhas tu, em demasia
Contas em morte, minha vida; em vida, as memórias.
Luiz Ferraz,
24 de agosto de 1989
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