quarta-feira, 22 de julho de 2015

MEMÓRIA

Memória

Vagas tu, por toda uma vida, 
Vividas, de contador de estórias,
Contas tu, uma dor sofrida, 
Chama-te, simplesmente, a ti, memória.

Para que te quero a ti, miserável espanto?
Que me fazes sofrer em falsa glória. 
O passado, lembras tu, a todo encanto,
Mas não sou eu, e, sim, tu, memória.

Descobres tu, o manto do passado, 
Embelezas a mil, toda aquela escória,
E do pó cinzento, vê-se, ainda, os retalhos,
Comtempla-te tu, maldita e boa memória.

Deixa-me viver meu finais e velhos dias,
Envelhecer minha arte bela e compulsória,
Para que material, tenhas tu, em demasia
Contas em morte, minha vida; em vida, as memórias. 

Luiz Ferraz, 
24 de agosto de 1989

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