quarta-feira, 27 de abril de 2022

A LUTA DEMOCRÁTICA

 A Luta Democrática 


Ainda na minha mais ingênua infância, ouvia, todos os dias, corriqueiramente, o povão dizer: "você não viu? Saiu na Luta Democrática".

A Luta Democrática era um jornal do Rio de Janeiro, de propriedade do deputado federal Tenório Cavalcanti. Sim, ele mesmo. O homem da capa preta que vivia acompanhado de sua metralhadora "Lurdinha". 

Quase não se fazia necessário o acompanhamento, pelo UDNnista daquele instrumento bélico pois as próprias matérias sangrentas aterrorizavam a população.  Não somente a população de Duque de Caxias, cidade fluminense mas como, também, toda a população do antigo estado da Guanabara, do qual eu sou filho.

Tenório era para Duque de Caxias o que Leonel Brizola foi para o estado do Rio de Janeiro - um líder nato. O povo o seguia e o apoiava. 

Hoje, companheiras e companheiros,  luta democrática é, apenas, mais um ponto de lembrete da minha tenra fase juvenil. Como podemos ter uma luta democrática e um bem estar comum se uma grande maioria de nossos compatriotas, sequer,  ao menos, tentam entender, verdadeiramente, a política em curso que se arrasta pelos pontos cardeais na nação brasileira? O que se vê,  no cotidiano, com honrosas exceções,  são nossos brasileiros afirmarem a seguinte expressão " eu detesto a política". Mal sabe o coitado que ao abrir os olhos, pela manhã, a política já se faz dentro de seus órgãos, com verdadeira democracia e respeito.

Ainda na Grécia antiga, aqueles gregos se decepcionariam ao ver a junção de seus dois vocábulos sendo conduzidos de forma intrinsicamente deturpada pelos habitantes do planeta Terra.

Governo para o povo ou governo do povo são,  irônica e utopicamente, articuladas palavras na boca de nossos irmãos.  A nova versão das expressões mais se refere a um governo para uma quase aristocracia e outro governo para a plebe que se vem arrastando por migalhas.  Muitos desses irmãos não se importam com o bem estar social e amplo. Pensam apenas em seguir um falso messias, ignorante e ameaçador.  

É lamentável. Mais eu preferiria estar nos tempos de Tenório. 

Luiz Ferraz

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