A Luta Democrática
Ainda na minha mais ingênua infância, ouvia, todos os dias, corriqueiramente, o povão dizer: "você não viu? Saiu na Luta Democrática".
A Luta Democrática era um jornal do Rio de Janeiro, de propriedade do deputado federal Tenório Cavalcanti. Sim, ele mesmo. O homem da capa preta que vivia acompanhado de sua metralhadora "Lurdinha".
Quase não se fazia necessário o acompanhamento, pelo UDNnista daquele instrumento bélico pois as próprias matérias sangrentas aterrorizavam a população. Não somente a população de Duque de Caxias, cidade fluminense mas como, também, toda a população do antigo estado da Guanabara, do qual eu sou filho.
Tenório era para Duque de Caxias o que Leonel Brizola foi para o estado do Rio de Janeiro - um líder nato. O povo o seguia e o apoiava.
Hoje, companheiras e companheiros, luta democrática é, apenas, mais um ponto de lembrete da minha tenra fase juvenil. Como podemos ter uma luta democrática e um bem estar comum se uma grande maioria de nossos compatriotas, sequer, ao menos, tentam entender, verdadeiramente, a política em curso que se arrasta pelos pontos cardeais na nação brasileira? O que se vê, no cotidiano, com honrosas exceções, são nossos brasileiros afirmarem a seguinte expressão " eu detesto a política". Mal sabe o coitado que ao abrir os olhos, pela manhã, a política já se faz dentro de seus órgãos, com verdadeira democracia e respeito.
Ainda na Grécia antiga, aqueles gregos se decepcionariam ao ver a junção de seus dois vocábulos sendo conduzidos de forma intrinsicamente deturpada pelos habitantes do planeta Terra.
Governo para o povo ou governo do povo são, irônica e utopicamente, articuladas palavras na boca de nossos irmãos. A nova versão das expressões mais se refere a um governo para uma quase aristocracia e outro governo para a plebe que se vem arrastando por migalhas. Muitos desses irmãos não se importam com o bem estar social e amplo. Pensam apenas em seguir um falso messias, ignorante e ameaçador.
É lamentável. Mais eu preferiria estar nos tempos de Tenório.
Luiz Ferraz
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