quarta-feira, 9 de março de 2016

AS POMBAS DO MEU POMBAL

As pombas do meu pombal.

Voar assim e conhecer, ai quem me dera,
Os sentimentos mil, por onde avançam,
A diferenca entre o bem e o todo mal
Conhecerás tu mesmo a primavera?
Ou duvidarás em que não mais há esperança,
Minhas pombas, sentimentos do meu pombal?

Palmadas, dá-me, oh mãe, no meu traseiro,
Que a bunda não foi feita pra sentar,
Faz-me lembrar, minhas lágrimas, os sentimentos,
Que desse pranto, são dores de lamento,
De ti, que já não sabes nem chorar.

Minhas pombas, não ouçam dos modernos, os clamores,
Que vocês foram sempre feitas pra voar,
Que de asas não são feitos os roedores,
Nomenclatura que a querem titular,
Voar, nunca a ninguém fez tanto mal
Nos sonhos, miseráveis, destruidores,
Minhas pombas, sentimentos do meu pombal.

Os meus olhos já não vêem o corpo inteiro,
Mais câmeras já se tem que instalar,
Tenho saudades das dores de um sofrimento,
O meu nariz já não respira mais alento,
Desse corpo que não sabe mais falar.

O que são as dores agora, oh, doutores?
Pergauntas que não se podem contestar,
É a tristeza te dodos os meus amores,
Que se consomem em um corpo não natural
Voem vocês, por trás dos bastidores,
Minhas pombas, sentimentos do meu pombal.

Meu sangue, me carreguem vocês, oh, meus amores,
Que já vou sendo a extinção de uma quimera
De uma raça que nem ouve e nem se espanta,
Nem com glórias e nem gritos de louvores
E nem com alma presa na garganta.

Livrai-me, minhas amigas, deste mal,
Vocês que são todas os sentimentos,
Cubram-me com um vôo de excremento,
Que não me lembrem nem com choros e lamentos,
Me afastem de todos os malfeitores,
Minhas pombas, sentimentos do meu pombal.


Luiz Ferraz, em 21 de julho de 2012

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