Caráter
A mim, pouco importa
Esse seu ser ordinário
Criticou-me na vida,
Só fez tudo ao contrário
Valeu-se de luxo, atitude e grandeza
Privou-se do mundo
E de sua grande beleza
Enganou-se a si mesmo
Jogando comigo e todos
Como fiel temerário.
Viveu a vida de morte
Nas contas de seu rosário
Cruzou as fronteiras da sorte
Ganhando sempre se fez
Presente nas autarquias
Mas esqueceu-se que um dia
Com toda aquela altivez
Do mais decente itinerário
Que a morte do dia a dia
É o caminhar do calvário.
Já eu, caminhei diferente
Sozinho, pobre e sem rancor
Mas faz-se longos meus dias
De uma grata solidão
De tres amigos fiz sempre
Os meus mais fiéis escudeiros
Sofreram com minha dor
E de alegria o meu caminhar
Papai, Mamãe e o Senhor
Fontes de luz de meu luzeiro.
Luiz Ferraz
25 de dezembro de 2016
sábado, 24 de dezembro de 2016
domingo, 18 de dezembro de 2016
AVIÃO
Avião
Tenho medo de altura
Apesar de nunca ter voado
Vivo sentindo uma gastura
E ando meio atordoado
Como posso nao voar
Com esse avião do meu lado?
Ando tão desatinado
Isso é o que se pressente
Com um boing do meu lado
Já estou de sangue quente
To comendo a sobremesa
Antes de ter almoçado
Tenho medo do futuro
Que vem lá do meu passado
Tem coisas feitas no escuro
Que não melhor se faz no claro
Já fiz coisa aqui naTerra
Que me senti ter decolado.
Tenho medo de altura
Apesar de nunca ter voado
Vivo sentindo uma gastura
E ando meio atordoado
Como posso nao voar
Com esse avião do meu lado?
Ando tão desatinado
Isso é o que se pressente
Com um boing do meu lado
Já estou de sangue quente
To comendo a sobremesa
Antes de ter almoçado
Tenho medo do futuro
Que vem lá do meu passado
Tem coisas feitas no escuro
Que não melhor se faz no claro
Já fiz coisa aqui naTerra
Que me senti ter decolado.
sábado, 5 de novembro de 2016
PASSAGEM
Passagem
O meu sofrer
Nunca foi por ser tão pobre
Dinheiro no bolso
Nunca foi preocupação
Melancolia
Quem me olha não descobre
Mas tenho várias cicatrizes
Dentro do meu coração.
Esse meu rosto
Capa dura que esconde
Toda a verdade
De uma real situação
Falso sorriso
Que carrego desde longe
Não permite que eu faça
Tamanha revelação.
Oh, minha pátria
Minha terra tão mais bela
Que dentre todas
Foste tu a escolhida
Me hás dado tudo
Até mesmo as sequelas
De saudade sei que morro
Grande amor de minha vida.
Retirar as algemas
Já estou eu bem resolvido
Anos a fio
Refém de covarde indecisão
Prisioneiro, agora se liberta
De uma escravidão maldita
Sentença mais do que severa
Cavada com próprias mãos.
Caiu a máscara
De minha cruel covardia
Nem pura magia
Transforma vida em lamento
Esta alegria
Estampada em meu rosto
Por retorno a minha terra
Acabou-se o sofrimento.
De Luiz Ferraz
4 de novembro de 2016
O meu sofrer
Nunca foi por ser tão pobre
Dinheiro no bolso
Nunca foi preocupação
Melancolia
Quem me olha não descobre
Mas tenho várias cicatrizes
Dentro do meu coração.
Esse meu rosto
Capa dura que esconde
Toda a verdade
De uma real situação
Falso sorriso
Que carrego desde longe
Não permite que eu faça
Tamanha revelação.
Oh, minha pátria
Minha terra tão mais bela
Que dentre todas
Foste tu a escolhida
Me hás dado tudo
Até mesmo as sequelas
De saudade sei que morro
Grande amor de minha vida.
Retirar as algemas
Já estou eu bem resolvido
Anos a fio
Refém de covarde indecisão
Prisioneiro, agora se liberta
De uma escravidão maldita
Sentença mais do que severa
Cavada com próprias mãos.
Caiu a máscara
De minha cruel covardia
Nem pura magia
Transforma vida em lamento
Esta alegria
Estampada em meu rosto
Por retorno a minha terra
Acabou-se o sofrimento.
De Luiz Ferraz
4 de novembro de 2016
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
ESCRAVIDÃO
Esse samba aí em homenagem a meus pais que já partiram e me deixaram esse lindo legado.
ESCRAVIDÃO
Orgulho eu tenho
Desse corpo maltratado
Trabalho escravo
Já reinou a abolição
Não é possivel
Que a pluma de Isabel
Deixe acabar comigo
Num trabalho tão cruel.
De sol a sol
Querem tirar o meu couro
Meu sangue vermelho
Tá ardendo feito fel
Carrego sempre
Não tem dó nem piedade
Vejam só a crueldade
No transporte de um tesouro
Minha consciencia
Esse feitor que me abomina
Faz que eu transporte
Meu coração que é de ouro
Alma pura, toda ela cristalina
Alteza, não tô assim tão forte
Mas carrego até a morte
O fardo de minha sina
Liberdade,
Que raia dentro desse peito
Pra esse escravo sem direito
Por favor, me dê a mão (refrão )
De Luiz Ferraz
Dia 3 de novembro de 2016
ESCRAVIDÃO
Orgulho eu tenho
Desse corpo maltratado
Trabalho escravo
Já reinou a abolição
Não é possivel
Que a pluma de Isabel
Deixe acabar comigo
Num trabalho tão cruel.
De sol a sol
Querem tirar o meu couro
Meu sangue vermelho
Tá ardendo feito fel
Carrego sempre
Não tem dó nem piedade
Vejam só a crueldade
No transporte de um tesouro
Minha consciencia
Esse feitor que me abomina
Faz que eu transporte
Meu coração que é de ouro
Alma pura, toda ela cristalina
Alteza, não tô assim tão forte
Mas carrego até a morte
O fardo de minha sina
Liberdade,
Que raia dentro desse peito
Pra esse escravo sem direito
Por favor, me dê a mão (refrão )
De Luiz Ferraz
Dia 3 de novembro de 2016
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
CANTANDO MEU XOTE ERRADO
Cantando meu xote errado
Mas, vice, ó cabra
Vê se deixa de bulir
Das Dores já ta pra vir
Solte minha genitália
Cabra fulero
Lá no meio do forró
É um abuso que só
Cortando quiném navalha
Mas o adianto no nordeste
Ninguém desmente
Galinha cisca pra frente
Mandacaru dá água sanitária
Quando há covarde
Se embola é todo mundo
Só fica de fora Raimundo
Pra chamar a autoridade
Vem cá, seu Zé
Acunhe mais no ribuliço
Deixe de fazer feitiço
Pra eu num arranjar mulé.
Na quinta feira
Contando mais o enforcado
São somente quatro dias
Pro povo ficar cansado
Vale tudo, só num vale Marieta
Ralar buxo mais Amardiçuado
Só pegando na corneta
E cantando meu xote errado.
De Luiz Ferraz
Em junho de 2011
Mas, vice, ó cabra
Vê se deixa de bulir
Das Dores já ta pra vir
Solte minha genitália
Cabra fulero
Lá no meio do forró
É um abuso que só
Cortando quiném navalha
Mas o adianto no nordeste
Ninguém desmente
Galinha cisca pra frente
Mandacaru dá água sanitária
Quando há covarde
Se embola é todo mundo
Só fica de fora Raimundo
Pra chamar a autoridade
Vem cá, seu Zé
Acunhe mais no ribuliço
Deixe de fazer feitiço
Pra eu num arranjar mulé.
Na quinta feira
Contando mais o enforcado
São somente quatro dias
Pro povo ficar cansado
Vale tudo, só num vale Marieta
Ralar buxo mais Amardiçuado
Só pegando na corneta
E cantando meu xote errado.
De Luiz Ferraz
Em junho de 2011
PECADOR DE TEATRO
Pecador de Teatro
Se existe um Deus
É a quem peço eu perdão
Pois diante da solidão
Como posso não pecar?
Já se afugenta
Os meus dias de glória
Vou passando na história
Mais pra lá do que pra cá.
Os meus amigos
Pouco a pouco vão partindo
Não sei por que estão indo
Sem sequer me avisar
Lá no bar, a boemia
Companheira de outrora
Era quem sempre me sorria
Agora é quem me faz chorar.
Fico pensando
Em tão curta que é a vida
Que só perto da despedida
Nos permite avaliar
Esse espetáculo
A maior pura beleza
Da mais rígida disciplina
Atores que saem de cena
Antes de fechar a cortina.
Me leve a sério
Violão, fique calado
Pelo tanto que gozei
Agora pago meu pecado. (Refrão )
De Luiz Ferraz
Em 2 de novembro de 2016
Dia de Finados
Realmente, estou triste e por isso saiu esse samba.
Se existe um Deus
É a quem peço eu perdão
Pois diante da solidão
Como posso não pecar?
Já se afugenta
Os meus dias de glória
Vou passando na história
Mais pra lá do que pra cá.
Os meus amigos
Pouco a pouco vão partindo
Não sei por que estão indo
Sem sequer me avisar
Lá no bar, a boemia
Companheira de outrora
Era quem sempre me sorria
Agora é quem me faz chorar.
Fico pensando
Em tão curta que é a vida
Que só perto da despedida
Nos permite avaliar
Esse espetáculo
A maior pura beleza
Da mais rígida disciplina
Atores que saem de cena
Antes de fechar a cortina.
Me leve a sério
Violão, fique calado
Pelo tanto que gozei
Agora pago meu pecado. (Refrão )
De Luiz Ferraz
Em 2 de novembro de 2016
Dia de Finados
Realmente, estou triste e por isso saiu esse samba.
sábado, 29 de outubro de 2016
DEUS E EU
DEUS E EU
O ponto de ponto é ponto
Pontuar é quem nunca faia
Bem na hora do encontro
Afiado quiném navaia
Padre que é bom de missa
Reza de cor e sarteado
Mais de zóio na esmola
Que em Jesus crucificado
Tem beata de punhado
Que num qué sair do armário
Mas na hora da penitênça
Reza mais de cem rusário
Tenho dó do sacristão
E também do coroinha
Pois missa de padre véio
É a mesma ladainha.
Rezei mil sarve rainha
Outros tanto crendeuspai
Com seu vigário me dizeno
Milagre custa mas sai.
A muié de Malaquia
Já de tanto que comungô
Tem mais Cristo dentro dela
Que o Cristo Redentor
Seu padre num vô na missa
Não me chame não senhor
Revorta ver a casa de Deus
Cheia só de pecador
Sei que Deus me perdoa
Sei que o Divino me entende
Mesmo sem saber rezar
Amo mais que muita gente.
Em nome do Pai eu digo
Do Filho digo também
Espirito Santo me dá medo
Mesmo assim eu digo amém
De Luiz Ferraz
10 de novembro de 1988
O ponto de ponto é ponto
Pontuar é quem nunca faia
Bem na hora do encontro
Afiado quiném navaia
Padre que é bom de missa
Reza de cor e sarteado
Mais de zóio na esmola
Que em Jesus crucificado
Tem beata de punhado
Que num qué sair do armário
Mas na hora da penitênça
Reza mais de cem rusário
Tenho dó do sacristão
E também do coroinha
Pois missa de padre véio
É a mesma ladainha.
Rezei mil sarve rainha
Outros tanto crendeuspai
Com seu vigário me dizeno
Milagre custa mas sai.
A muié de Malaquia
Já de tanto que comungô
Tem mais Cristo dentro dela
Que o Cristo Redentor
Seu padre num vô na missa
Não me chame não senhor
Revorta ver a casa de Deus
Cheia só de pecador
Sei que Deus me perdoa
Sei que o Divino me entende
Mesmo sem saber rezar
Amo mais que muita gente.
Em nome do Pai eu digo
Do Filho digo também
Espirito Santo me dá medo
Mesmo assim eu digo amém
De Luiz Ferraz
10 de novembro de 1988
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
POESIA SERTANEJA
POESIA SERTANEJA
A poesia feita no sertão
Não e seca. Não é não.
É uma poesia dolorida
Rica das dores do solo
Do calejado das mãos
Traços marcados no rosto
Das trilhas secas do chão
Olhos que não suportam
Águas secas que brotam
Das lágrimas do coração.
É do carcará o cantar
As danças de mamulengo
Os calangos no roçado
E couro de meu gibão
É todo chamego e o dengo
De bonecos de Vitalino
Carnaubeiras tão altas
Chame o povo meu irmão
É triangulo, zabunba e o fole
No xote, maracatu e baião.
São as terras de muito Zé
Das Dores, Sant'ana e Maria
Terras secas à vontade
E de um luar do sertão
Tem até coco catolé
Tem o sol todo do mundo
Com a brisa da poesia
A noite de muita esperança
Onde a lua de meia noite
Com o calor das doze do dia.
De Luiz Ferraz
24 de agosto de 1997
A poesia feita no sertão
Não e seca. Não é não.
É uma poesia dolorida
Rica das dores do solo
Do calejado das mãos
Traços marcados no rosto
Das trilhas secas do chão
Olhos que não suportam
Águas secas que brotam
Das lágrimas do coração.
É do carcará o cantar
As danças de mamulengo
Os calangos no roçado
E couro de meu gibão
É todo chamego e o dengo
De bonecos de Vitalino
Carnaubeiras tão altas
Chame o povo meu irmão
É triangulo, zabunba e o fole
No xote, maracatu e baião.
São as terras de muito Zé
Das Dores, Sant'ana e Maria
Terras secas à vontade
E de um luar do sertão
Tem até coco catolé
Tem o sol todo do mundo
Com a brisa da poesia
A noite de muita esperança
Onde a lua de meia noite
Com o calor das doze do dia.
De Luiz Ferraz
24 de agosto de 1997
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
FAZENDO A BARBA
FAZENDO A BARBA
Pois olhe e passe a mão
Você nunca se endireita
A barba de ante ontem
Vê se agora está bem feita.
É pelo pra todo lado
E uma lâmina bem surrada
Minha mão que não se ajeita
Pelo só que me atrapalha
E com o fio de sua língua
Afiada quinem navalha.
Mas agora de cara limpa
Depois de tanta amolação
E de rosto como ela quer
E par de mãos de aconchego
Nada agrada mais o homem
Que o carinho de uma mulher.
De Luiz Ferraz
17 de outubro de 2016
Pois olhe e passe a mão
Você nunca se endireita
A barba de ante ontem
Vê se agora está bem feita.
É pelo pra todo lado
E uma lâmina bem surrada
Minha mão que não se ajeita
Pelo só que me atrapalha
E com o fio de sua língua
Afiada quinem navalha.
Mas agora de cara limpa
Depois de tanta amolação
E de rosto como ela quer
E par de mãos de aconchego
Nada agrada mais o homem
Que o carinho de uma mulher.
De Luiz Ferraz
17 de outubro de 2016
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
SITUAÇÃO
Situação
Ai, meu Deus
Que carteira que não fala
Quem jantava no Cipó
Hoje tá chupando é bala.
Quem fazia tres "montinho"
Veja que situação
Quem antes não chupou dedo
Hoje tá comendo a mão.
O freguês já é bem pouco
Em 12 horas de jornada
Chauffeur que fazia muito
Hoje tá fazendo é nada.
Não fosse os companheiros
Amigos do cafezinho
Nem assim nós lembraria
Dos tempo de 3 "montinho".
Se eu vi, já não me lembro
Na carteira um bom tutu
Vou procurar outra coisa
Pras banda de Manhuaçu.
De Luiz Ferraz
24 de setembro de 2016
Esse samba eu fiz em homenagem ao companheiro Quati.
Ai, meu Deus
Que carteira que não fala
Quem jantava no Cipó
Hoje tá chupando é bala.
Quem fazia tres "montinho"
Veja que situação
Quem antes não chupou dedo
Hoje tá comendo a mão.
O freguês já é bem pouco
Em 12 horas de jornada
Chauffeur que fazia muito
Hoje tá fazendo é nada.
Não fosse os companheiros
Amigos do cafezinho
Nem assim nós lembraria
Dos tempo de 3 "montinho".
Se eu vi, já não me lembro
Na carteira um bom tutu
Vou procurar outra coisa
Pras banda de Manhuaçu.
De Luiz Ferraz
24 de setembro de 2016
Esse samba eu fiz em homenagem ao companheiro Quati.
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
TENHO TODO TEMPO
Tenho todo tempo.
Verbo o que tem é tempo
Qualquer verbo tem relação
Tempo que faz é tempo
Já esqueci o tempo que tem
Que não rasgo nota de cem
Doidice é que sempre me vem
De além não ir muito mais
Pois só passado dá tempo
Voltar em quarquer momento
Indo pra frente e pra trás.
Porém chegará um dia
Que é do tempo também
Com diferente semblante
Dar valor ao tempo quem tem
E pedir ao tempo o bastante
Um momento de retrocesso
Bem valor se dará ao minuto
E em toda a fração contida
Nem toda vida é instante
Mas todo instante é vida.
Que é tão pouco pra pensar
Passado é tempo presente
E no futuro quem já se sente
É verdade que lá bem detrás
Onde vento dá volta na gente
E conhecimento dá empurrão
Não nasceu quem desmente
Por isso presente ou ausente
Sendo maluco, sou excelente
Muito melhor do que bom.
Mas toda doidera feita
No tempo que a vida nos dá
É a cabeça quem varia
Se tem esse tempo verbal
Tem gente que não aprecia
Que é tempo de detalhar
Vão até fazer comentário
De como sou analfabeto
Gosto que de mim falem mal
E odeio quem não sabe falar.
Verbo o que tem é tempo
Qualquer verbo tem relação
Tempo que faz é tempo
Já esqueci o tempo que tem
Que não rasgo nota de cem
Doidice é que sempre me vem
De além não ir muito mais
Pois só passado dá tempo
Voltar em quarquer momento
Indo pra frente e pra trás.
Porém chegará um dia
Que é do tempo também
Com diferente semblante
Dar valor ao tempo quem tem
E pedir ao tempo o bastante
Um momento de retrocesso
Bem valor se dará ao minuto
E em toda a fração contida
Nem toda vida é instante
Mas todo instante é vida.
Que é tão pouco pra pensar
Passado é tempo presente
E no futuro quem já se sente
É verdade que lá bem detrás
Onde vento dá volta na gente
E conhecimento dá empurrão
Não nasceu quem desmente
Por isso presente ou ausente
Sendo maluco, sou excelente
Muito melhor do que bom.
Mas toda doidera feita
No tempo que a vida nos dá
É a cabeça quem varia
Se tem esse tempo verbal
Tem gente que não aprecia
Que é tempo de detalhar
Vão até fazer comentário
De como sou analfabeto
Gosto que de mim falem mal
E odeio quem não sabe falar.
domingo, 25 de setembro de 2016
A MORTE DE MINHA TIA
A morte de minha tia
Minha tia morreu
E só por causa da herança
Tinha parente demais
Querendo entrar na dança.
Enquanto a velha vivia
Sua vida era ausente
De aconchego de amigos
E também de seus parentes
Mas a velha empacota
E ainda com sangue quente
Chegava até fazer fila
Nunca vi foi tanta gente.
Refrão :
Minha tia morreu
E só por causa da herança
Tinha parente demais
Querendo entrar na dança.
Logo veio o funeral
Veja como tudo se deu
Não sabia que o povo tinha
Tanto amor no coração
Amazonas que se cuide
Esse lugar já foi seu.
Choraram foi tantas lágrimas
Que outro rio aqui nasceu.
Refrão:
Minha tia morreu
E só por causa da herança
Tinha parente demais
Querendo entrar na dança.
Estou muito agradecido
Veja só que povo bom
Faziam até revezamento
Na alça de seu caixão
De flores faziam arremesso
Olhem só, tanta pujança
Nunca vi ter tanto atleta
Na olimpíada da herança
Ói, segura a véia que ela vorta
Não brinca com essa véia não.
De Luiz Ferraz
23 de setembro de 2016
Minha tia morreu
E só por causa da herança
Tinha parente demais
Querendo entrar na dança.
Enquanto a velha vivia
Sua vida era ausente
De aconchego de amigos
E também de seus parentes
Mas a velha empacota
E ainda com sangue quente
Chegava até fazer fila
Nunca vi foi tanta gente.
Refrão :
Minha tia morreu
E só por causa da herança
Tinha parente demais
Querendo entrar na dança.
Logo veio o funeral
Veja como tudo se deu
Não sabia que o povo tinha
Tanto amor no coração
Amazonas que se cuide
Esse lugar já foi seu.
Choraram foi tantas lágrimas
Que outro rio aqui nasceu.
Refrão:
Minha tia morreu
E só por causa da herança
Tinha parente demais
Querendo entrar na dança.
Estou muito agradecido
Veja só que povo bom
Faziam até revezamento
Na alça de seu caixão
De flores faziam arremesso
Olhem só, tanta pujança
Nunca vi ter tanto atleta
Na olimpíada da herança
Ói, segura a véia que ela vorta
Não brinca com essa véia não.
De Luiz Ferraz
23 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
CONFORMADO
CONFORMADO
O pobre de Zé Maria
Que é muito amigo meu
Já está bem preocupado
Com algo que lhe nasceu
Plantou muda no roçado
Mas foi na cabeça é que deu.
Ai, meu bem. Ai meu bem.
Chifre não dá só em gado
Mas na cabeça de quem tem...
E agora o que eu faco?
Veja só minha agonia
Viche, Zé, não faça nada
Mostre mais sabedoria
Pois galho que nasceu ontem
Pode nascer outro dia.
Ai, meu bem. Ai, meu bem.
Chifre não dá só em gado
Mas na cabeça de quem tem...
Tenha mais fé nessa vida
Em tudo que ela lhe dá
Tanto faz dar na cabeça
Como na cabeça dar
Se a vida lhe deu um chifre
Aprenda também a chifrar.
Ai, meu bem. Ai, meu bem
Chifre não dá só em gado
Mas na cabeça de quem tem...
De Luiz Ferraz
21 de setembro de 2016
Mais um samba.
O pobre de Zé Maria
Que é muito amigo meu
Já está bem preocupado
Com algo que lhe nasceu
Plantou muda no roçado
Mas foi na cabeça é que deu.
Ai, meu bem. Ai meu bem.
Chifre não dá só em gado
Mas na cabeça de quem tem...
E agora o que eu faco?
Veja só minha agonia
Viche, Zé, não faça nada
Mostre mais sabedoria
Pois galho que nasceu ontem
Pode nascer outro dia.
Ai, meu bem. Ai, meu bem.
Chifre não dá só em gado
Mas na cabeça de quem tem...
Tenha mais fé nessa vida
Em tudo que ela lhe dá
Tanto faz dar na cabeça
Como na cabeça dar
Se a vida lhe deu um chifre
Aprenda também a chifrar.
Ai, meu bem. Ai, meu bem
Chifre não dá só em gado
Mas na cabeça de quem tem...
De Luiz Ferraz
21 de setembro de 2016
Mais um samba.
terça-feira, 20 de setembro de 2016
PASSANDO A LIMPO
Passando a Limpo
Maria da Penha,
Tu mesmo, a razão
De meu total embaraço
O baile de fornatura
Que pra mim foi um fracasso
Ao eu dar-te a mão pra dança
Olhavas sem nem me ver
E dizia toda orgulhosa
Só escreve em meu caderno
O lápis que tem bom traço.
Depois da noite de baile
Muita coisa o tempo rolou
Anos tantos se passaram
Dias eram folhas de dor
Escritas por muita mágoa
De não ter aquele amor.
Guardei um amor escondido
Em toda minha tristeza
E o tempo que nos separa
Deixou marca que não solta
Mas Maria da Penha retorna
Tendo levado minha ilusão
Um perdão e um caderno
Suplicando um beijo e abraço
Veja como o mundo gira
No girar do meu compasso.
De Luiz Ferraz
Em 10 de novembro de 2010
Maria da Penha,
Tu mesmo, a razão
De meu total embaraço
O baile de fornatura
Que pra mim foi um fracasso
Ao eu dar-te a mão pra dança
Olhavas sem nem me ver
E dizia toda orgulhosa
Só escreve em meu caderno
O lápis que tem bom traço.
Depois da noite de baile
Muita coisa o tempo rolou
Anos tantos se passaram
Dias eram folhas de dor
Escritas por muita mágoa
De não ter aquele amor.
Guardei um amor escondido
Em toda minha tristeza
E o tempo que nos separa
Deixou marca que não solta
Mas Maria da Penha retorna
Tendo levado minha ilusão
Um perdão e um caderno
Suplicando um beijo e abraço
Veja como o mundo gira
No girar do meu compasso.
De Luiz Ferraz
Em 10 de novembro de 2010
O MAIOR INVENTO
O Maior Invento
Tenho medo de altura
Apesar de nunca ter voado
Vivo sentindo uma gastura
E ando meio atordoado
Como posso não voar
Com esse avião do lado?
Ando tão desatinado
Isso é o que se pressente
Com um boing do meu lado
Já estou de sangue quente
To comendo a sobremesa
Antes de ter almoçado
Tenho medo do futuro
Que vem lá do meu passado
Tem coisas feitas no escuro
Que não melhor se faz no claro
Já fiz coisa aqui no chão
Que senti ter decolado.
O aconchego da mulata
É que me deixa turbinado
Não tem asa, não tem nada
Mas provoca alteração
Que me faz voar bem alto
Sem que eu saia aqui do chão.
Luiz Ferraz
Em 15 de setembro de 2016
Tenho medo de altura
Apesar de nunca ter voado
Vivo sentindo uma gastura
E ando meio atordoado
Como posso não voar
Com esse avião do lado?
Ando tão desatinado
Isso é o que se pressente
Com um boing do meu lado
Já estou de sangue quente
To comendo a sobremesa
Antes de ter almoçado
Tenho medo do futuro
Que vem lá do meu passado
Tem coisas feitas no escuro
Que não melhor se faz no claro
Já fiz coisa aqui no chão
Que senti ter decolado.
O aconchego da mulata
É que me deixa turbinado
Não tem asa, não tem nada
Mas provoca alteração
Que me faz voar bem alto
Sem que eu saia aqui do chão.
Luiz Ferraz
Em 15 de setembro de 2016
sábado, 10 de setembro de 2016
PAR DE SAPATOS
PAR DE SAPATOS
Que belo par de sapatos
Que belo, foi meu trabalho quem deu.
Que belo, piso à vontade
Que belo, em caminho que é só meu.
Que belo, piso bem de mansinho,
Que belo, pra não ferir a saudade.
Que belo, pisa manso em saudade
Que belo, também pisa em amargura
Que belo, pisa cheio de vontade
Que belo, quando chove lá na rua.
Que belo, pisa até sem piedade
Que belo, com prazer de pisar na lua.
Que belo, pisa ao meio dia,
Que belo, onde bate o sol ardente
Que belo, piso à meia noite,
Que belo, onde o forró tá bem mais quente
Que belo, piso no pé da cabocla
Que belo, mexendo no corpo da gente.
Que belo, pisei no passado,
Que belo, ainda piso no presente
Que belo, se pisarei no futuro
Que belo, só até onde eu aguente
Que belo, meu par de sapatos
Que belo, não deu mais um passo à frente
De Luiz Ferraz
Janeiro de 2013
Que belo par de sapatos
Que belo, foi meu trabalho quem deu.
Que belo, piso à vontade
Que belo, em caminho que é só meu.
Que belo, piso bem de mansinho,
Que belo, pra não ferir a saudade.
Que belo, pisa manso em saudade
Que belo, também pisa em amargura
Que belo, pisa cheio de vontade
Que belo, quando chove lá na rua.
Que belo, pisa até sem piedade
Que belo, com prazer de pisar na lua.
Que belo, pisa ao meio dia,
Que belo, onde bate o sol ardente
Que belo, piso à meia noite,
Que belo, onde o forró tá bem mais quente
Que belo, piso no pé da cabocla
Que belo, mexendo no corpo da gente.
Que belo, pisei no passado,
Que belo, ainda piso no presente
Que belo, se pisarei no futuro
Que belo, só até onde eu aguente
Que belo, meu par de sapatos
Que belo, não deu mais um passo à frente
De Luiz Ferraz
Janeiro de 2013
NATUREZA
Natureza
Eu sou a mãe natureza,
A mais suprema nobreza
Desde início da criação.
Eu sou a dona do mundo,
Quem criou o raso e profundo
Não bula comigo não.
Eu sou a mão que sustenta,
Aquela que o ser aguenta
Desde o início da construção.
Eu sou a mão que constrói
Sou a dor ferrenha que dói
E que clama por atenção.
Eu sou quem o melhor oferere
Mas o humano não agradece
E desconhece a gratidão.
Eu sou a que não entendo
Tal o descontentamento
E tendo tudo na mão.
Eu sou a única justiça
E ao ver tamanha cobiça
Sei que é exageração.
Eu sou um livro aberto e
Não conheço nenhum decreto
Que chame a minha atenção.
Eu sou do belo, o mais puro,
Seja no bem claro ou escuro
Serei sempre a exatidão
Sendo eu a unipotente,
Não há livro mais presente
Que a cartilha de minha lição
Eu sou a maior vontade
Ao humano dei com bondade
Mas sinto imensa decepção
O ambiente que dei sem receio
Eles agora chamam de meio
Causando a maior frustração.
De Luiz Ferraz
24 de agosto de 2007
Fico triste ao ver a agonia do mundo.
Eu sou a mãe natureza,
A mais suprema nobreza
Desde início da criação.
Eu sou a dona do mundo,
Quem criou o raso e profundo
Não bula comigo não.
Eu sou a mão que sustenta,
Aquela que o ser aguenta
Desde o início da construção.
Eu sou a mão que constrói
Sou a dor ferrenha que dói
E que clama por atenção.
Eu sou quem o melhor oferere
Mas o humano não agradece
E desconhece a gratidão.
Eu sou a que não entendo
Tal o descontentamento
E tendo tudo na mão.
Eu sou a única justiça
E ao ver tamanha cobiça
Sei que é exageração.
Eu sou um livro aberto e
Não conheço nenhum decreto
Que chame a minha atenção.
Eu sou do belo, o mais puro,
Seja no bem claro ou escuro
Serei sempre a exatidão
Sendo eu a unipotente,
Não há livro mais presente
Que a cartilha de minha lição
Eu sou a maior vontade
Ao humano dei com bondade
Mas sinto imensa decepção
O ambiente que dei sem receio
Eles agora chamam de meio
Causando a maior frustração.
De Luiz Ferraz
24 de agosto de 2007
Fico triste ao ver a agonia do mundo.
domingo, 24 de julho de 2016
SAUDADE DA MINHA VIDA
Saudade da minha vida
Que sentimento é esse que bate em meu peito?
Vou me aprofundar direito e ver de onde é que vem.
Chegou, nem bateu e nem pediu pousada e
Por mais que eu peça, não quer sair por nada
Diz que já sentou morada e que já não tem mais jeito.
Disse que vai não vai morar só mas com duas companhias.
Que me entenderei bem com elas, independente da vontade
E as apresentou por nomes como sendo Tristeza e Alegria.
Sempre vivemos as tres juntas e minha graça é Saudade.
Estarás mais com Alegria por outras vezes mais Tristeza.
As duas são bem unidas e são duas jóias bem raras
São filhas do Pai Eterno mais e sua mãe Natureza
São ciumentas. Quando uma se ajunta, a outra logo separa.
Não entendo a razão mas me apego mais de Alegria
Mais que dê volta o mundo, não deixo Tristeza pra trás
Nós tres vivemos tão bem e não nos falta sintonia
Nesse mundo só tenho a elas que me fazem viver em paz.
Apresentaram-se bem as tres. Meu coração tomem e pronto.
Não carece de contrato. Vejo que são boas pagadoras
Viveremos os quatro, então, uma nova grande harmonia
E por serem tão boas assim, do aluguel terão um desconto
Necessitarei de ti, Tristeza. Também de ti Alegria.
Agora, depois de tudo entre nós acertado,
Saudade te peço um único e grandioso favor:
Não me leve Tristeza embora, muito menos a linda Alegria
Quem em meu coração já entrou e faz tempo que habita,
Não me deixaria sentir dor,
Saudade de minha vida.
Luiz Ferraz
Em 23 de julho de 2016
Homenagem à Eurides Oliveira de Mendonça, minha tia Lidinha.
Descanse em paz
Que sentimento é esse que bate em meu peito?
Vou me aprofundar direito e ver de onde é que vem.
Chegou, nem bateu e nem pediu pousada e
Por mais que eu peça, não quer sair por nada
Diz que já sentou morada e que já não tem mais jeito.
Disse que vai não vai morar só mas com duas companhias.
Que me entenderei bem com elas, independente da vontade
E as apresentou por nomes como sendo Tristeza e Alegria.
Sempre vivemos as tres juntas e minha graça é Saudade.
Estarás mais com Alegria por outras vezes mais Tristeza.
As duas são bem unidas e são duas jóias bem raras
São filhas do Pai Eterno mais e sua mãe Natureza
São ciumentas. Quando uma se ajunta, a outra logo separa.
Não entendo a razão mas me apego mais de Alegria
Mais que dê volta o mundo, não deixo Tristeza pra trás
Nós tres vivemos tão bem e não nos falta sintonia
Nesse mundo só tenho a elas que me fazem viver em paz.
Apresentaram-se bem as tres. Meu coração tomem e pronto.
Não carece de contrato. Vejo que são boas pagadoras
Viveremos os quatro, então, uma nova grande harmonia
E por serem tão boas assim, do aluguel terão um desconto
Necessitarei de ti, Tristeza. Também de ti Alegria.
Agora, depois de tudo entre nós acertado,
Saudade te peço um único e grandioso favor:
Não me leve Tristeza embora, muito menos a linda Alegria
Quem em meu coração já entrou e faz tempo que habita,
Não me deixaria sentir dor,
Saudade de minha vida.
Luiz Ferraz
Em 23 de julho de 2016
Homenagem à Eurides Oliveira de Mendonça, minha tia Lidinha.
Descanse em paz
terça-feira, 19 de julho de 2016
A MULÉ QUE DEUS CRIOU
A mulé que o Deus criou.
Pois, homi, tome teu tento
E aprenda aqui cum o dotô
Que a invenção mais divina
Das obra da criação
Foi a criação feminina
Feita por Deus, nosso Senhor.
Pois arrepare pra cunhecer
Que a mulé, inspiração bem profunda
Foi nascida de uma custela
Que é osso duro de ruê
Pois se fosse pra ser fraca ela
Teria sido criada da bunda.
Eu sô um cego anarfabeto
Mas sem ver é que posso enxergar
Que coisa mior que mulé
Nos projeto do Criador
Ou ainda num saiu do papé
Ou nunca Ele vai inventar.
Os homi é qui nunca intende
Das arte da criação
Pois pur mais que eles tudo faça
Num enxerga dois parmo de frente
Que se a mulé foi criada
Foi só pra nos fazer mais valente.
Das mulé nóis num é dono
Nem do corpo e nem coração
Das mulé nóis só é cumpanheiro
Isso eu nunca me atrapaio
Que elas tem toda a valentia
Mesmo num tendo chucaio.
Mulé é que sabe ensinar
Elas atua cum muito sentimento
Elas que ensina os fio
Com as rédia e cabresto nas mão
Elas que sofre, brinca e atura
Mas nunca perde a razão.
Por isso nóis todos os homi
Que achar ser macho engraçado
É que nóis num sofre o que elas sofre
Quem duvida que muda de lado
Homi só é homi do lado de cá
Do outro lado eles tudo corre.
Como nos verso do cumpanhero cego,
Que se estou chorando agora,
Não choro da minha cegueira
Mas da partida da minha guia
Pois antes de mamãe ir imbora
Eu era um cego qui via.
Luiz Ferraz
Pois, homi, tome teu tento
E aprenda aqui cum o dotô
Que a invenção mais divina
Das obra da criação
Foi a criação feminina
Feita por Deus, nosso Senhor.
Pois arrepare pra cunhecer
Que a mulé, inspiração bem profunda
Foi nascida de uma custela
Que é osso duro de ruê
Pois se fosse pra ser fraca ela
Teria sido criada da bunda.
Eu sô um cego anarfabeto
Mas sem ver é que posso enxergar
Que coisa mior que mulé
Nos projeto do Criador
Ou ainda num saiu do papé
Ou nunca Ele vai inventar.
Os homi é qui nunca intende
Das arte da criação
Pois pur mais que eles tudo faça
Num enxerga dois parmo de frente
Que se a mulé foi criada
Foi só pra nos fazer mais valente.
Das mulé nóis num é dono
Nem do corpo e nem coração
Das mulé nóis só é cumpanheiro
Isso eu nunca me atrapaio
Que elas tem toda a valentia
Mesmo num tendo chucaio.
Mulé é que sabe ensinar
Elas atua cum muito sentimento
Elas que ensina os fio
Com as rédia e cabresto nas mão
Elas que sofre, brinca e atura
Mas nunca perde a razão.
Por isso nóis todos os homi
Que achar ser macho engraçado
É que nóis num sofre o que elas sofre
Quem duvida que muda de lado
Homi só é homi do lado de cá
Do outro lado eles tudo corre.
Como nos verso do cumpanhero cego,
Que se estou chorando agora,
Não choro da minha cegueira
Mas da partida da minha guia
Pois antes de mamãe ir imbora
Eu era um cego qui via.
Luiz Ferraz
A MULÉ QUE DEUS CRIOU
A mulé que o Deus criou.
Pois, homi, tome teu tento
E aprenda aqui cum o dotô
Que a invenção mais divina
Das obra da criação
Foi a criação feminina
Feita por Deus, nosso Senhor.
Pois arrepare pra cunhecer
Que a mulé, inspiração bem profunda
Foi nascida de uma custela
Que é osso duro de ruê
Pois se fosse pra ser fraca ela
Teria sido criada da bunda.
Eu sô um cego anarfabeto
Mas sem ver é que posso enxergar
Que coisa mior que mulé
Nos projeto do Criador
Ou ainda num saiu do papé
Ou nunca Ele vai inventar.
Os homi é qui nunca intende
Das arte da criação
Pois pur mais que eles tudo faça
Num enxerga dois parmo de frente
Que se a mulé foi criada
Foi só pra nos fazer mais valente.
Das mulé nóis num é dono
Nem do corpo e nem coração
Das mulé nóis só é cumpanheiro
Isso eu nunca me atrapaio
Que elas tem toda a valentia
Mesmo num tendo chucaio.
Mulé é que sabe ensinar
Elas atua cum muito sentimento
Elas que ensina os fio
Com as rédia e cabresto nas mão
Elas que sofre, brinca e atura
Mas nunca perde a razão.
Por isso nóis todos os homi
Que achar ser macho engraçado
É que nóis num sofre o que elas sofre
Quem duvida que muda de lado
Homi só é homi do lado de cá
Do outro lado eles tudo corre.
Como nos verso do cumpanhero cego,
Que se estou chorando agora,
Não choro da minha cegueira
Mas da partida da minha guia
Pois antes de mamãe ir imbora
Eu era um cego qui via.
Luiz Ferraz
Pois, homi, tome teu tento
E aprenda aqui cum o dotô
Que a invenção mais divina
Das obra da criação
Foi a criação feminina
Feita por Deus, nosso Senhor.
Pois arrepare pra cunhecer
Que a mulé, inspiração bem profunda
Foi nascida de uma custela
Que é osso duro de ruê
Pois se fosse pra ser fraca ela
Teria sido criada da bunda.
Eu sô um cego anarfabeto
Mas sem ver é que posso enxergar
Que coisa mior que mulé
Nos projeto do Criador
Ou ainda num saiu do papé
Ou nunca Ele vai inventar.
Os homi é qui nunca intende
Das arte da criação
Pois pur mais que eles tudo faça
Num enxerga dois parmo de frente
Que se a mulé foi criada
Foi só pra nos fazer mais valente.
Das mulé nóis num é dono
Nem do corpo e nem coração
Das mulé nóis só é cumpanheiro
Isso eu nunca me atrapaio
Que elas tem toda a valentia
Mesmo num tendo chucaio.
Mulé é que sabe ensinar
Elas atua cum muito sentimento
Elas que ensina os fio
Com as rédia e cabresto nas mão
Elas que sofre, brinca e atura
Mas nunca perde a razão.
Por isso nóis todos os homi
Que achar ser macho engraçado
É que nóis num sofre o que elas sofre
Quem duvida que muda de lado
Homi só é homi do lado de cá
Do outro lado eles tudo corre.
Como nos verso do cumpanhero cego,
Que se estou chorando agora,
Não choro da minha cegueira
Mas da partida da minha guia
Pois antes de mamãe ir imbora
Eu era um cego qui via.
Luiz Ferraz
sábado, 16 de julho de 2016
FILHOS DA PÁTRIA
Filhos da Pátria
Filhos da pátria é o que vós não sois
Se dela zombam, riem e achincalham.
Quais filhos poderiam ser, então, depois
Se a minha mãe nunca pariu canalhas?
E você, democracia que me empurra
E que me leva em seu dia a dia;
Democracia, peço que não me iludas
Com mais essa tua tal falsa demagogia.
Perplexo, assisto a tudo e bem assustado
A vida dura que um congressista leva
Levando a vida, vai o assalariado
Nem lamparina no final do túnel enxerga.
Estando solto sei que preso estou
À tornozeleira que não mais se tem,
Estando preso é que caminhando eu vou
Pois a razão só dá-se a quem tem.
E me dá lástima, minha mãe, agora
Ao cuidar de ti, vejo que faço o bem
Mas mãe é mãe, toda uma vida a fora
Pois dá amor a quem amor não tem.
Luiz Ferraz
10 de julho de 2016
Filhos da pátria é o que vós não sois
Se dela zombam, riem e achincalham.
Quais filhos poderiam ser, então, depois
Se a minha mãe nunca pariu canalhas?
E você, democracia que me empurra
E que me leva em seu dia a dia;
Democracia, peço que não me iludas
Com mais essa tua tal falsa demagogia.
Perplexo, assisto a tudo e bem assustado
A vida dura que um congressista leva
Levando a vida, vai o assalariado
Nem lamparina no final do túnel enxerga.
Estando solto sei que preso estou
À tornozeleira que não mais se tem,
Estando preso é que caminhando eu vou
Pois a razão só dá-se a quem tem.
E me dá lástima, minha mãe, agora
Ao cuidar de ti, vejo que faço o bem
Mas mãe é mãe, toda uma vida a fora
Pois dá amor a quem amor não tem.
Luiz Ferraz
10 de julho de 2016
quinta-feira, 23 de junho de 2016
FINAL DE VIDA
Final de vida
Não importa como se mata
E nem a forma que se constrói,
Por uma distração maldita
É uma dor que em meu peito dói;
É uma dor, mas tão doída
A dor de quem tira uma vida.
Quem tira uma vida é assassino
E quem a mantém não é herói
Acabei por tirar a vida
Dos peixinhos de meu menino.
No aquário todos nadavam
Não fazia falta nem limpeza
Mas a vaidade do ser humano
Que não viu do natural, a beleza
Acabou por destruir
O que contruiu a natureza.
Mas que a justiça seja feita
Na mais comovente audiência
E a clava que bate o povo
Mesmo que peça clemência
Absolvendo-me, estarei livre
Mas preso à consciência.
De Luiz Ferraz
Não importa como se mata
E nem a forma que se constrói,
Por uma distração maldita
É uma dor que em meu peito dói;
É uma dor, mas tão doída
A dor de quem tira uma vida.
Quem tira uma vida é assassino
E quem a mantém não é herói
Acabei por tirar a vida
Dos peixinhos de meu menino.
No aquário todos nadavam
Não fazia falta nem limpeza
Mas a vaidade do ser humano
Que não viu do natural, a beleza
Acabou por destruir
O que contruiu a natureza.
Mas que a justiça seja feita
Na mais comovente audiência
E a clava que bate o povo
Mesmo que peça clemência
Absolvendo-me, estarei livre
Mas preso à consciência.
De Luiz Ferraz
sábado, 28 de maio de 2016
PARA QUE?
Para que?
Guardarmos passado, para que?
Estórias que, somente bem depois, revelarão todos nós.
Eu, desde o começo. E, você?
Até o fim de sua falsa glória.
Não falarão de minhas bondades,
Nem de minhas melancolias,
Jamais saberão de minhas vontades,
Muito menos de minhas utopias.
Já de você, coitada, se minha vida for primeiro escolhida.
Lamentarão a minha morte em sua vida,
E como um povo vive de ironia
Não viveu esse povo meu dia a dia
E esquecerão, brevemente, a minha partida.
Queira o Senhor que eu não vá primeiro.
Terei mais forças para lutar com o destino.
Já, você, bem frágil por ser de mim herdeira.
Não saberia explicar-se tão bem, primeiramente, ao Divino.
Para que, se assim são os seres?
Malditos vermes e da vida faladeiros.
Em vida não me orientaram os conselheiros
E com meu epitáfio, seguirão os tais e o mundo inteiro.
Por: Luiz Ferraz
Em: 24 de maio de 2012.
Guardarmos passado, para que?

Eu, desde o começo. E, você?
Até o fim de sua falsa glória.
Não falarão de minhas bondades,
Nem de minhas melancolias,
Jamais saberão de minhas vontades,
Muito menos de minhas utopias.
Já de você, coitada, se minha vida for primeiro escolhida.
Lamentarão a minha morte em sua vida,
E como um povo vive de ironia
Não viveu esse povo meu dia a dia
E esquecerão, brevemente, a minha partida.
Queira o Senhor que eu não vá primeiro.
Terei mais forças para lutar com o destino.
Já, você, bem frágil por ser de mim herdeira.
Não saberia explicar-se tão bem, primeiramente, ao Divino.
Para que, se assim são os seres?
Malditos vermes e da vida faladeiros.
Em vida não me orientaram os conselheiros
E com meu epitáfio, seguirão os tais e o mundo inteiro.
Por: Luiz Ferraz
Em: 24 de maio de 2012.
domingo, 8 de maio de 2016
MÃE, NO TEU DIA
MÃE, NO TEU DIA.
Mãe, comigo chegastes agora,
À minha importância eu me dou,
Ao ter vós me parido um dia,
Deixando de ser só mulher,
Para comparar-se à Maria,
A mãe de Nosso Senhor.
Ao sair de vosso ventre, um dia,
Junto ao sangue pisado de dor
E eu só chorei no momento,
Diante de vosso sofrimento
Eu faria de ti minha mãe
E de mim faríeis vós, um senhor.
Só chorei de tristeza, ao vos levar
Não sei se do Senhor foi maldade
Dizem, a dor de parto ser grande
Contrario, porém, esta inverdade
A dor pior é não ter mãe,
Que é a dor da minha saudade.
Por Luiz Ferraz
Dia das mães.
Maio de 2016
Mãe, comigo chegastes agora,
À minha importância eu me dou,
Ao ter vós me parido um dia,
Para comparar-se à Maria,
A mãe de Nosso Senhor.
Ao sair de vosso ventre, um dia,
Junto ao sangue pisado de dor
E eu só chorei no momento,
Diante de vosso sofrimento
Eu faria de ti minha mãe
E de mim faríeis vós, um senhor.
Só chorei de tristeza, ao vos levar
Não sei se do Senhor foi maldade
Dizem, a dor de parto ser grande
Contrario, porém, esta inverdade
A dor pior é não ter mãe,
Que é a dor da minha saudade.
Por Luiz Ferraz
Dia das mães.
Maio de 2016
sábado, 2 de abril de 2016
O VERDE QUE EU VEJO
O VERDE QUE EU VEJO
Polêmicas simples e perguntas inusitadas que eu fazia a mim mesmo e aos demais, embora, quase sempre, sem respostas, umas quantas delas me seguiam sem dar trégua. Eram, aparentemente absurdas mas que dava o que pensar a toda aquela gente desde o tempo de minha primeira infância, isso dava.
Nós morávamos no Rio de Janeiro, na Rua Barão de São Féliz, casa de número 13. Era uma casa simples de vila com dois quartos, uma sala e uma copa, divididas essas duas por uma estante enorme; havia uma pequena cozinha onde mamãe fazia milagres com sua comida sempre muito saborosa. Ao fundo havia um pequeno quarto dispensário que era usado para guardar todos os entulhos de uma família pobre.
Morávamos, como pobres, não tão mal. Éramos, por convicção, pobres. Bem, não era lá essas coisas mas íamos vivendo.
Éramos em total seis pessoas - papai, mamãe, minha tia Célia, um primo carnal de mamãe chamado João Inácio e outro meu primo primeiro de nome Júlio que teria vindo de Minas Gerais para cursar a universidade de engenharia mecânica na Universidade Federal do Rio de Janeiro e eu. Julio era muito fechado e falava somente o necessário. Já, João Inácio, era falante e se dava muito bem comigo por suas idéias e um toque muito especial de ser. Júlio era muito dedicado aos livros.
Minha irmã, se casara e fora morar em Copacabana. Estava quase sempre presente mas não vivia o nosso cotidiano da vila.
Lembro-me muito bem que um dia papai deu por querer pintar a casa por dentro para um melhor conforto nosso e, juntamente com a pintura, umas quantas melhorias e aquelas arrumações da época. Pois bem, pintou-se, internamente, a casa de duas tonalidades de cor verde. Era uma dessas casas antigas que cada porta poderia ter aproximadamente mais de tres metro de altura. Ficou excelente para o que já estávamos cansados de ver aquela pintura antiga e desbotada parecendo mesmo a pintura original dos meados do século XIX.
Antes papai não tivesse tido aquela brilhante idéia ou não muito brilhante assim de concluir aquela pintura o que não daria margem a um dilema terrível e que, na ocasião, nos deixaria atordoados e pensativos.
As paredes, do chão até ao teto, se não tivesse seis metros e meio de altura faltaria muito pouco. Papai resolveu pintá-las em dois tons de verde. Do chão a metro e meio de altura, um verde bem leve e pintura à óleo; o restante, com um tom mais claro de verde e pintura lavável, o que seria bem mais econômico.
Uns quantos domingos depois da tal pintura, todos sentados à mesa da copa, mamãe serviria o almoço que, não faltaria aquele macarrão com galinha e o peculiar arroz e feijão. Particularmente, o feijão que mamãe fazia, ao temperá-lo, sentia-se o cheiro saboroso de longe o que nos abria muito o apetite.
Já quase no término do almoço, eu e sempre eu, perguntei ao meu primo segundo, João Inácio: “Será que o verde que vejo nessa parede seria o mesmo verde que você vê?“ Aquilo foi o bastante pra deixar papai inquieto no que, sem soluçar, respondera, tomando a frente de João Inácio que se calaria diante da iniciativa do líder - papai. “Evidente que é o mesmo verde e todos nós vemos o mesmo“, responde mais do que depressa papai e com total convicção que por pouco não me atrevo a retrucá-lo ao dizer: “papai, pode não ser o mesmo“.
“Deixa de bestagem, menino“, disse meu velho pai.
Daí, João Inácio diz que poderia não ser verdadeiramente o mesmo e eu me senti tão valorizado e tão orgulhoso da pergunta primária que já não me continha. Sentia-me como um gênio diante do pedestal em que João Inácio me colocara e resolvi seguir em frente já que a sorte estava lançada e os ventos sopravam a meu favor. Disse eu, então, a papai: “Papai, quando o senhor viu essa cor pela primeira vez em sua vida, alguém disse que era verde o o senhor a chamaria de verde até o seu último dia de vida, não é assim? Está certo, papai. Agora, papai, quem garante ao senhor que aquela pessoa que lhe ensinou que aquilo era verde via o mesmo que o senhor estivesse vendo?
Papai, mais do que de repente me disse que eu já vinha com outra de minhas loucuras e que aquilo não teria jamais um final. Foi aí que meu primo, o pouco falante, resolveu abrir a boca e dizer que eu poderia ter algo de razão pois nós estaríamos vendo uma tonalidade que todos chamaríamos de verde mas poderia variar segundo o olhar de cada um e que jamais se poderia descobrir isso porque todas as vezes que aquela cor ou aquele tom aparecesse eu diria que estaria vendo um verde mas que não, necessariamente, a mesma cor que os demais poderiam estar vendo. Sabe-se lá até outro tom ou outra cor que sempre apareciam pra diferentes olhos das formas primeiras como foram vistas por eles.
Papai, totalmente perdido dentro daquela polêmica medonha, diz à mamãe: “Dé (nome carinhoso como papai a tratava), me traga um pouco mais de farinha pois seu feijão de hoje está especial. Deve ser pelo domingo.“
Luiz Ferraz,
2 de abril de 2016
quinta-feira, 31 de março de 2016
O BRASIL QUE CHORA
O BRASIL QUE CHORA
Que tristeza ver a minha terra hoje em dia que chora pelo desentendimento dos seus filhos. É muito de se lamentar ver uma grande parte de seus filhos unidos por um ódio que nem sabe de onde vem. Tentativas e muito mais do que isso por pura ambição a um poder e esquecendo-se dos irmãos menores que sofrem assistindo a uma guerra ferrenha por parte de seus mais adultos e, supostamente mais aptos à condução da mãe. Brigam entre si por tudo que a mãe lhes dera de coração e naturalmente.
Hoje, minha terra se vê em um mar que antes fosse de lama ou somente água. Não. Não é bem assim. É um mar de escândalos que afeta a todos nós. E para que? Para, simplesmente, ver quem estará ainda mais acima e não se curvará a mais nada a não ser ao ódio e ambição. Eu, quando criança, sem ainda qualquer conhecimento, me alegrava pelas desavenças de um futebol que nunca joguei mas via minha terra vibrar. Hoje já não vejo mais isso. Posso assistir de camarote não mais as jogadas de Didi, Pelé, Ademir da Guia, Garrincha e tantos outros craques da pelota, como se dizia na época.
Hoje, até aquela paixão brasileira, aquela coisa bela de tantos milhões em ação por uma partida de futebol foi substituída por um gigante teatro grotesco onde políticos se jogam entre si aos leões e a platéia - o nosso povo brasileiro - que sem entender porque brigam tanto, dão gritos de louvor a alguns e a outros tantos, atiram-se a eles, também, sem saber porquê, lá em baixo na jaula dos leões da grande arena chamada Brasil. Todos se odeiam entre si e o que é ainda pior, a ira voraz se arremete contra leões e todos acabam sendo consumidos por mais ódio de vingança e ambição de poderio. Não enxergam que de lá, bem do alto, a mãe pátria chora por seus filhos que se vão no desentendimento.
Mas não somente isso o que pudesse ou a ainda se tentar fazer. O pior é o espetáculo visto lá mais do alto por todos das nações vizinhas e nem tão vizinhas. Dão gargalhadas e achincalham ainda mais a grande luta de todos os irmãos em uma só arena que eu, jamais gostaria que fosse chamada de Brasil.
É. Eu sei que mesmo contra o meu ímpeto, é assim que os povos estranhos se referem à guerra dos irmãos que, como nuna briga de rua, os que se achegam, gritam, zombam, cospem e com porretes, ainda, acertam em qualquer um que possam acertar. Afinal, meus conterrâneos, eles não sabem quem é quem. Querem, simplesmente, ter o prazer da avacalhacão e baderna - dois termos super bem empregados nesta crônica.
Tudo isso para que? Para existir uma desunião entre irmãos e provocada por próprios irmãos.
Que diria Guimarães Rosa desse sertão faminto? Sei não, seu moço.
Que sinfonia poderia Vila Lobos compor de tudo isso. Certamente ele cederia lugar à música eletrônica.
Nunca leram os versos de Patativa do Assaré entitulado "Prefeitura sem Prefeito"?
Ah, que tristeza me dá.
Melhor fico com o saudoso Mario Quintana pois tenho que seguir vivendo. Mas que tristeza me dá.
"Um dia...Pronto!...Me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer: Que me importa?
O diabo é deixar de viver."
Mas que tristeza me dá.
Por Luiz Ferraz
Que tristeza ver a minha terra hoje em dia que chora pelo desentendimento dos seus filhos. É muito de se lamentar ver uma grande parte de seus filhos unidos por um ódio que nem sabe de onde vem. Tentativas e muito mais do que isso por pura ambição a um poder e esquecendo-se dos irmãos menores que sofrem assistindo a uma guerra ferrenha por parte de seus mais adultos e, supostamente mais aptos à condução da mãe. Brigam entre si por tudo que a mãe lhes dera de coração e naturalmente.
Hoje, minha terra se vê em um mar que antes fosse de lama ou somente água. Não. Não é bem assim. É um mar de escândalos que afeta a todos nós. E para que? Para, simplesmente, ver quem estará ainda mais acima e não se curvará a mais nada a não ser ao ódio e ambição. Eu, quando criança, sem ainda qualquer conhecimento, me alegrava pelas desavenças de um futebol que nunca joguei mas via minha terra vibrar. Hoje já não vejo mais isso. Posso assistir de camarote não mais as jogadas de Didi, Pelé, Ademir da Guia, Garrincha e tantos outros craques da pelota, como se dizia na época.
Hoje, até aquela paixão brasileira, aquela coisa bela de tantos milhões em ação por uma partida de futebol foi substituída por um gigante teatro grotesco onde políticos se jogam entre si aos leões e a platéia - o nosso povo brasileiro - que sem entender porque brigam tanto, dão gritos de louvor a alguns e a outros tantos, atiram-se a eles, também, sem saber porquê, lá em baixo na jaula dos leões da grande arena chamada Brasil. Todos se odeiam entre si e o que é ainda pior, a ira voraz se arremete contra leões e todos acabam sendo consumidos por mais ódio de vingança e ambição de poderio. Não enxergam que de lá, bem do alto, a mãe pátria chora por seus filhos que se vão no desentendimento.
Mas não somente isso o que pudesse ou a ainda se tentar fazer. O pior é o espetáculo visto lá mais do alto por todos das nações vizinhas e nem tão vizinhas. Dão gargalhadas e achincalham ainda mais a grande luta de todos os irmãos em uma só arena que eu, jamais gostaria que fosse chamada de Brasil.
É. Eu sei que mesmo contra o meu ímpeto, é assim que os povos estranhos se referem à guerra dos irmãos que, como nuna briga de rua, os que se achegam, gritam, zombam, cospem e com porretes, ainda, acertam em qualquer um que possam acertar. Afinal, meus conterrâneos, eles não sabem quem é quem. Querem, simplesmente, ter o prazer da avacalhacão e baderna - dois termos super bem empregados nesta crônica.
Tudo isso para que? Para existir uma desunião entre irmãos e provocada por próprios irmãos.
Que diria Guimarães Rosa desse sertão faminto? Sei não, seu moço.
Que sinfonia poderia Vila Lobos compor de tudo isso. Certamente ele cederia lugar à música eletrônica.
Nunca leram os versos de Patativa do Assaré entitulado "Prefeitura sem Prefeito"?
Ah, que tristeza me dá.
Melhor fico com o saudoso Mario Quintana pois tenho que seguir vivendo. Mas que tristeza me dá.
"Um dia...Pronto!...Me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer: Que me importa?
O diabo é deixar de viver."
Mas que tristeza me dá.
Por Luiz Ferraz
quarta-feira, 9 de março de 2016
AS POMBAS DO MEU POMBAL
As pombas do meu pombal.
Voar assim e conhecer, ai
quem me dera,
A diferenca entre o bem e
o todo mal
Conhecerás tu mesmo a
primavera?
Ou duvidarás em que não
mais há esperança,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal?
Palmadas, dá-me, oh mãe,
no meu traseiro,
Que a bunda não foi feita
pra sentar,
Faz-me lembrar, minhas
lágrimas, os sentimentos,
Que desse pranto, são
dores de lamento,
De ti, que já não sabes
nem chorar.
Minhas pombas, não ouçam
dos modernos, os clamores,
Que vocês foram sempre
feitas pra voar,
Que de asas não são
feitos os roedores,
Nomenclatura que a querem titular,
Voar, nunca a ninguém fez
tanto mal
Nos sonhos, miseráveis,
destruidores,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal.
Os meus olhos já não
vêem o corpo inteiro,
Mais câmeras já se tem
que instalar,
Tenho saudades das dores
de um sofrimento,
O meu nariz já não respira mais alento,
Desse corpo que não sabe
mais falar.
O que são as dores agora,
oh, doutores?
Pergauntas que não se
podem contestar,
É a tristeza te dodos os
meus amores,
Que se consomem em um
corpo não natural
Voem vocês, por trás
dos bastidores,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal.
Meu sangue, me carreguem
vocês, oh, meus amores,
Que já vou sendo a extinção de uma quimera
De uma raça que nem ouve
e nem se espanta,
Nem com glórias e nem
gritos de louvores
E nem com alma presa na
garganta.
Livrai-me, minhas amigas,
deste mal,
Vocês que são todas os
sentimentos,
Cubram-me com um vôo de
excremento,
Que não me lembrem nem
com choros e lamentos,
Me afastem de todos os
malfeitores,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal.
Luiz
Ferraz, em 21 de julho de 2012
quinta-feira, 3 de março de 2016
O LUAR DO SERTANEJO
O LUAR DO SERTANEJO
Como é boa a vida do sertão.
Lá por onde a humildade nasce,
Cresce ali mesmo com o sertanejo,
Toma corpo, toma forma e toma jeito
Mas não deixa, de forma alguma, a beleza do seu luar.
O sertanejo nunca foi triste.
O sertão é o que tudo existe,
Sem tempo e nem preguiça pra contar
Que mesmo morando na roça,
Não deixa, de forma alguma, a beleza do luar.
Só quem conhece pode provar
Que o luar do sertanejo
É quem lhe provoca o desejo,
Antes de amanhecer o dia, e só com uma Ave Maria
De ir pro roçado trabalhar.
O sertanejo não fala senhora. É “muié“
Garfo pra ele não existe. É “culé“...
Não existe almoço nem jantar. É o “cumê“ do dia
Que com qualquer mistura e café
Faz o buxo ficar de pé.
O sertanejo não é um sofrido.
Ele tem prazer em plantar, em colher,
O andar do sertanejo não é caminhada,
Mas o movimento bonito é o da enxada
Que você pensa que sabe mover.
Lá não tem hora bem marcada.
É tudo pela luz, sempre do belo dia
E a jornada sempre se encerra
Com o recolher das galinhas
E o sol que se deita là por cima daquela serra.
O amor lá nao tem nome
Tudo o que se produz, se consome,
E os filhos do sertanejo todos saem pra cidade
Mas o sertanejo lhes pede, por caridade, “pra tudinho vortá
Pois num tem nada nesse mundo mais bonito que o nosso luar“.
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