terça-feira, 25 de dezembro de 2012

ESCREVER BONITO

Escrever bonito

Escrever bonito era tudo que eu mais queria,
Mas os pensamento só anda tudo ocupado,
Num dia, se vai em frente, no outro só disvia,
Eu sei que quarquer dia desses, na cabeça,
Bem cedim, bem no cantar do galo, 
Ela ingrena, põe o rumo no tranco e esfria.

O que não se pode, com certeza, 
É só ficar triste e todo amuado,
Que os pensamento, sem esperar, vorta logo,
E nóis num pode esquecer, afinar,
Que é no gingado da cabeça, 
Que nóis têm os resultado.

Um dia de pensar tá mais procê,
E in otro dia tá mais é pra mim, 
Quando ocê pensa só nas mulher,
As danada só pensa é nim mim,
E quando ocê só pensa nim home,
Os home só pensa só nocê.

Mas o compasso da vida é boa, 
Quando é tudo bem equilibrado, 
Ocê num pensa no que ocê deseja,
Pois já é tudo bem cumbinado,
Pois é no gingado das cadeira, 
Que se conhece o rebolado.

Quando se quer pensar coisa atôa, 
Nóis só pensa nim coisa ruim,
Depois eles fala que a via é boa,
Tudo na vida é muito ingraçado, 
Inté é na qualidade do estrume, 
Que nóis cunhece o ruminado.

Num indianta ocê só querer bem,
Se ocê num é bem desejado,
Nem ter aquilo que os otro têm,
Que inveja é um mal desgraçado,
Pois pinto só nasce redondim,
Pruquê o ôvo é bem ovalado.

Por isso num indianta ocê iscrevê,
Se seus miolo tão tudo ocupado,
Ocê inté tenta iscrever dereito,
Mas só iscreve é tudo errado,
Ocê inté quer ser dotô nas letra,
Mas num passa de um pobre coitado.

De: Luiz Ferraz, 
       Em 11 de marco de 1988

QUANDO O MEU AMOR MORRER

Quando o meu amor morrer...

Quando o meu amor morrer,
Quando o meu sonho se apagar,
Quando uma só luz, jamais brilhar,
Acreditem, então, só assim, 
Que morto estará o meu ser.

E um funeral nada pomposo,
Depois de uma despedida triste,
Terá que nenhum ser vivente,
De passo a passo, acompanhar,
E, nem, tão pouco, uma tumba fria, 
Com lápide de granito negro,
“Jaz aqui...“ jamais se escreverá.

Pois mesmo que morto eu esteja, 
Não estaei totalmente completo,
Porque sei que dentro de mim, 
Existirá uma única mulher
Por quem terei eterno afeto, 
Muito amor e total respeito,
Minha querida mãe, minha Dalva,

O que impedirá, por certo,
Que um órgão tão importante, 
E vital em sua função,
Se desfaleça, é claro, e, portanto,
Atentem com maior atenção,
Aos que ao meu enterro foram,
Acreditando me verem bem morto:

Retrocedam-se no tempo, irmãos,
E voltem para seus lares, 
Não derramem por mim suas lágrimas,
Já que Luiz Ferraz, o defunto,
Levantando-se do caixão escuro,
Fúnebre e, por demais, encarnado,
Com as mãos e pés bem juntos,
Sentiu-se bem aliviado,

Ao ver que todos aqueles,
Que falsas lágrimas deixaram correr,
Por faces escondidas e frias,
E brigaram até para segurar,
Na alça de uma caixa de morto,
A quem não lhes deu esse prazer,

Pois aquela tumba bem fria, 
Onde repousaria o meu ser eterno, 
Serviu somente de palco,
Com milhares de mortos presentes, 
E foram os únicos que ficaram, 
Ao me verem vivo, novamente.

Uma vez que tantos covardes,
Cheios de moral e falcatruas, 
Correram, assombrosamente, 
Enchendo toda uma rua.

O meu amor não morreu,
Por você, minha mãe querida,
Luz e guia da minha vida, 
Muito menos, meu sonho apagou, 
E uma nova luz se acende,
Gritem, senhoras e senhores meus:
“O defunto viveu novamente“, 

Porque meu falecido pai, 
Que tanto ensinamento me deu, 
Estaria orgulhoso agora, 
Neste momento de ressurreição,
Pra tão canalhas e hipócritas verem,
E pra quem ainda não viu:

Que na epígrafe de minha lápide,
Não estaria, jamais, escrito assim:
“Aqui jaz um pobre diabo, 
Que nunca amor nem sentiu, 
Mas que é filho de muitos pais,
E de uma puta que o pariu.“

De Luiz Ferraz, 
Em 14 de agosto de 2009

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

PEIXE COM CEBOLA


PEIXE COM CEBOLA

Você, eu bem sei,  chorou antecipado, 
Pela morte do inocente, o pescado, 
Que em aguas límpidas, tão reluzente,
Nadava tão inocente, o peixe, minha gente.

Não pensava tão cedo ser um defunto,
E comido por um olhar esfomeado,
Ao redor de uma mesa, todos juntos,
O seu corpo estar sendo comido e velado.

Não houve carpideira, nem vela e nem cachaça, 
Ao redor do falecido, chorava toda a familia
E parente das águas não foram ao velório convidados,
Por, talvez, medo de morrer como aquele desgracado.

Chorando, todos, degustavam o defunto vertebrado,
Com um molho de formol sobre o defunto derramado,
E ninguém teria, sequer, aquela morte, chorado,
Se cebola no peixe, não tivesse, a assassina, colocado

De Luiz Ferraz, em 5 de dezembro de 2012.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A CAMINHADA DE KELE

A caminhada de Kelé

Aquela terra negra e argilosa não seria somente o nome da cidade cearense de Massapê. De muita fertilidade seria aquele massapé também responsável pelo futuro de Maria José dos Reis, mais conhecida naquela região do Ceará pelo apelido matreiro de “Zefinha“.

Pois a fertilidade da terrra era tamanha que Zefinha ao lambuzar-se, frequentemente, nas negruras de massapé mais parecia um facho por seus olhos verdes e reluzentes fazendo afronto até a um farol. Logo, logo, com seus quatorze incompletos já estaria prenha de Odorico, o “Riquinho“ e de Clemente dos Reis, o Kelé. A população local nem se dera conta que Zefinha era arisca e tinha por vício bulir com os moços. A mistura do feijão e macacheira daria a ela um bucho enorme e muita indicação a parir fortemente.

Já não seria ela só a se lambuzar de massapé, o que fazia por demais com o último a ser expulso, Kelé. Já Odorico, parecia rejeitar o apelido carinhoso de “Riquinho“, já não lhe agradando mesmo em sua infância tão primária. Kelé, por sua vez, não dava atenção a seu nome e só gostava da sujeira da terra negra.

Zefinha, era um chamego só mais Kelé. Odorico, esse, parecia nem ter saído daquele ventre e que, dentre em breve, a arisca mãe não os sentiria mais. Lá pra meados de dezembro, pouco antes do Natal, Zefinha muito maleitosa se definhava a cada dia e não seriam mais tão longas suas caminhadas de ancas largas por aquele massapé. Morre Maria José dos Reis, a Zefinha, na tarde de 22 de dezembro de 1927, deixando órfãos a Kelé e Odorico.

Tamanha era a popularidade de Zefinha que Odivando Vieira, o prefeito e doutorando em maracutaia, não deixaria de fazer sua aparição em público em um palanque que mandara ele mesmo armar e com projeções e propagandas em todo o seu redor, principalmente das redes de lojas de tecido que eram, em maioria, de sua propriedade. Tomando Odorico nos braços, começaria sua póstuma homenagem àquela que teria sido um dia a criança e a musa do povoado:

“Povo do Ceará, povo de Massapê, meus correligionários, meus cumpanheiro de partido e inté mesmo os9 de opusição. Povo do meu sertão e dos sertão dos outros“ (aplausos da multidão). Odorico já no tablado do palanque olhava admirado as palavras proferidas por Odivando Vieira e parecia inclinar-se à elas como em um leito maternal. A seriedade de seu rosto e de venta arrebitada se colocara na própria pessoa do prefeito fazendo dele o seu discurso e isso aos seus onze de idade. Já Kelé, afeiçoado mais Zefinha, chorava de dar dó, por baixo do palanque e escondido dos demais. Não fora quase pronunciado o seu nome em um só momento ao passo que o de Odorico era, frequentemente, falado em alto e bom som.

Dentre aplausos e mais aplausos, continuava Odivando Vieira, com seu palitó de gabardine e numa lordeza que causava inveja: 
“Os nosso merecimento de pezar por essa moça que foi e sempre vai ser a razão de nossas lembrança. Essa moça que alegrou as criança e alegrou os adulto.... “ Naquele choro ininterrupto, quanto mais falava Odivando Vieira, mais sofria Kelé. Odorico permanecia no tablado, imponente que só  e imitando todos os gestos e falas de Odivando Vieira. E segue Odivando naquela homenagem póstuma sem fim quando dá por falta da corrente de seu relógio de bolso - um Patek que fora herança de seu avô - que se rompera pelo esbravejamento e empolgação de seu quase comício, que segue falando: “....agora mesmo, neste momento, perdi algo de valor nessa homenagem....“, o que o povoado pensou tratar-se de um chamego de Odivando Vieira mais Zefinha. Uma pequena vaia ecoa no ar de Massapê, porém, mesmo assim, prossegue o prefeito: “......Emboramente os senhores e as senhoras tenham maldado minhas palavras, vô lhes dizê que Zefinha era como se fosse filha minha....“ e os plausos voltam a reinar. “......Eu falava da perda de uma peça valiosa que herdei de meu avô, o Coronel Oligário Vieira. Foi a corrente de ôro de meu relógio que se foi mais Zefinha. Pois ela eu saberei onde está e minha corrente, quem saberá"?

Se via rodeado aquele palanque de uma grande multidão e terra preta. Duas coisas não eram encontradas: nem a corrente de Odivando Vieira e muito menos Kelé. Daquela orfandade, Odivando Vieira, um corrupto de primeira,    se fez responsável por Odorico Reis. Já Kelé, com aconchego mais Zefinha, ninguém mais teve notícias e só nos seus onze anos de idade quando Zefinha se foi.

Naquele sofrimento dolorido da perda da mãe e diante de tamanha necessidade, Kelé se escapara e venderia uma corrente de ouro no povoado vizinho onde se instalara. Já Odorico aprendia na escola as lições da professora e, em casa, a corruptividade de Odivando Vieira. Houve momentos em que Odorico, ao sonhar, se dizia o prefeito de Massapê, tamanha era sua ambição sem, em algum momento, ter-se lembrado do irmão. Já Kelé, em sua miséria de fugitivo, virava e mexia, estava pensando em Odorico.

E de corrente foi em frente, de carteira em carteira foi roubando. Roubava aqui, ali e acolá e devagar ia roubando. Ninguém soubera de informações de Kelé e nem de seu paradeiro. Bem, não se falava mais naquilo. Kelé era uma peça do passado. Por outro lado, Odorico, gêmeo de massapé e mãe, já entrara na política como vereador e teve até seu nome trocado por Odivando Vieira e senhora e passara a se chamar Odorico Vieira. 

E mais um mandato e outro também como vereador e ninguém lhe seguiria na carreira apoiada por seu pai de criação, o até  então, prefeito Odivando Vieira, rei das falcatruas e corrupções. Na região, Odorico se torna famoso e todos lhe olham como Coronel Odorico Vieira, filho de Odivando e Dna. Mocinha, sua esposa.

Não tardará a hora das próximas eleições para prefeito. Kelé em sua vida mundana e de roubo em roubo acumularia grande riqueza que poderia facilmente afrontar, com uma boa campanha e astúcia, ser um novo canditato do povo. Ninguém o reconheceria mais. Com sua habilidade no ato de roubar e acumular riqueza, tendo somente a escola da vida, era generoso com a população mais carente e a todos lhe dava a mão e um voto de confiança, o que seria suficiente para deixar Odorico, seu irmão, sem um voto em Massapê. Assim, ia se desenrolando o carretel. Odorico já deixara a escola principalmente pelas costas largas do coronel Odivando Vieira que lhe fazia muitos agrados e, também, Dna Mocinha. Viviam, assim como seu pais adotivos nas mais habilidosas formas de enrolar o povo e de enriquecimento ilícito.

Por sua vez, Kelé, mesmo não tendo tido grandes oportunidades escolares, era muito bom leitor e não deixava de lado sua sanfona “Scandalli“ que ganhara de um agraciado homem de negócio e por ter visto no rapaz uma aptidão para os teclados. Fora já o término daquela vida de roubos e seu montante de dinheiro acumulado por todos aqueles anos e com a ajuda da sanfona inseparável que mais lhe ajudara a acumular patrimônio. Não fora somente aquele presente que Kelé ganharia do tal senhor mas um formoso gosto pela uniao de Kelé mais sua única filha, Carolina, que terminara seus estudos como professora numa importante faculdade da capital Fortaleza.

Carolina era uma moça vistosa e de cabelos cor de mel que se encaracolavam na caída aos ombros. Por sorte, Kelé, se apaixonara pelo ar gracioso de Carolina não lhe deixando de fazer galanteios um só instante. Aquela seria a esposa ideal para Kelé na arrancada com a política em Massapê. Vistosa, muito formosa e muito meiga, seria o que de melhor poderia acompanhar Kelé em suas aventuras políticas.

Odorido, por sua vez, não teve a mesma sorte no amor. Se casara pela imposição de Odivando Vieira com uma moça nada meiga e até mesmo um pouco sem jeito. De estrabismo acentuado, a futura esposa de Odorico era filha de um fazendeiro rico da região mas sem prestígio político o que sempre daria a Odorico a oportunidade de não possuir alguém que lhe afrontasse politicamente. Assim se consumaram os dois casamentos: Clemente dos Reis mais Carolina Figueira e Odorico Vieira, outrora dos Reis, mais Isabel Gonzaga, mais conhecida pelo povo como “Zói de Mola“.

Pra reforçar ainda mais a campanha eleitoreira, Odivando Vieira resolve inaugurar a Ponte de Catitó que já vinha sendo construída com a ajuda de um super faturamento e com apoio do governo do estado. Seria o grande dia. 

Do conhecimento de Kelé, este, de braços mais sua mulher Carolina, vão a Massapê onde ninguém mais lhe reconheceria. Falado e feito. Foi o casal à Massapê. Uma multidão se acumulava nas duas margens do rio Catitó. Depois de inúmeros discursos de Odivando Vieira, Odorico começa a falar  e, com ar de desdém, vai finalizando as palavras de seu pai e, sem seguida, ele só, para ênfase de sua campanha, é o unico a subir na ponte e caminhar até ao vão central. “Zoi de Mola, sua esposa. teria ficado do lado da família Vieira, na margem direita do rio.

Muito próximo à ponte estava também o casal dos Reis, Kelé e Carolina, quando um ruído forte de concreto partido é ouvido por totos aqueles cidadãos de Massapê e um alarde de tragédia paira sobre o ar de toda aquelas bandas. Antes que Odorico pudesse correr, se desmorona o que seria a Ponte do Catitó levando consigo a vida do filho postiço de Odivando.

Todos correram demais daquele local e até mesmo Carolina, mulher de Kelé, em prantos, se desembestou feito uma lesada pela estrada abaixo. Kelé não. Esse ficou. Sujo de poeira preta e molhado da água do rio, fazendo de seu corpo e roupa alinhados um barro só. Era massapé. O mesmo que sua mãe os lambuzara na infância. Deu o derradeiro adeus a Odorico, seu irmão, e com lágrimas nas ventas proferiu essas lalavras:
“Odorico, meu irmão, tu não te lembraste de mim. Tu, no palanque, ao lado de Odivando Reis, não te lembraste de nossa mãe enquanto eu, lá embaixo, sentado no massapé, chorava por teu amor e o de nossa mãe. Você que sempre odiou o barro preto, o rio Catitó te lavando, levou. Vá ficar com nossa mãe mas, antes, peça perdão ao Senhor pois eu tirei carteira de gente mas foi você quem os roubou. Que o rio Catitó te lave a alma e me espere quando eu for pois tu já vai molhado e eu levo um pouco da terra negra e com ela faremos um barro nós três e brincaremos mais nossa mãe outra vez.“

O corpo de Odorico foi encontrado no dia seguinte, na calmaria do rio e fora enterrado, com todas as pompas que Odivando Vieira pudera fazer, bem ao lado do corpo de Zefinha, sua mãe genética.

Na missa de sétimo dia, que Odivando e Dna. Mocinha mandaram celebrar, estavam, também, presentes Kelé e sua esposa Carolina e, imediatamente após a cerimônia religiosa, Kelé se aproxima de Odivando e pergunta se ele não o reconhece. A resposta de Odivando foi negativa. Dna. Mocinha, aproximando-se ainda mais, disse nunca ter visto aquele jovem senhor anteriormente.
Kelé se apresenta e o casal Vieira, desgastados pelo fatal desfecho, mais ainda se pôe a chorar. Não foi hora de se falar mais nada. Todas aquelas afirmativas de Kelé seriam como uma aura sobre a cabeça de Odivando Vieira.

Aproximam-se as aleições e Clemente dos Reis é Candidato a prefeito de Massapê. Odivando Vieira renuncia à vida política e não havendo outro candidato, Kelé se torna o mais novo prefeito.

Imediatamente, após tomar posse, o prefeito Clemente dos Reis inicia uma sindicância e abre uma comissão de inquérito e uma auditoria na prefeitura.


De: Luiz Ferraz, 
       Em: 6 de novembro de 2012.
               Dia da disputa pela presidência da Casa Branca entre o 
               Presidente Barak Obama e Romney

domingo, 28 de outubro de 2012

SONHO MEU...


Sonho meu.

Já a república havia ganhado tanta força que deixara a colônia e o império saqueador de riquezas em um lugar muito esquecido que somente a história contaria, doravante. Mais aparentava algo tão milenar que nem mesmo um mais pobre miserável mortal teria condição de imaginar que um dia pudéssemos ter sido tão explorados e, “colonizados“, só mesmo nos pergaminhos que ficariam para a história aquele puro e cruel conto de fadas.
Mesmo não querendo mais lembrar da horrenda escravidão - ah, como aqueles vestigios não nos deixaria em paz. Diria eu que quase genético um tal “quê“ para a delinquência abrasadora que nos fervia o sangue e nos impulsionava aos delitos mil. Isso tudo foi sonho mas chegaria o dia que uma linda democracia reinaria e a beleza das riquezas seria de todos e todos dela. Ninguém se apoderaria de pertences alheios e a nossa política, o exemplo planetário, com nossa Presidente do mundo, a nossa querida mãe, Dona Silma Coesse, vigoraria para a eternidade, tao forte como a própria natureza.
Brilharia em São Mauro, a maior cidade do mundo, uma prefeitura sem prefeito, ah, dade. Na cidade de São Bonitão do Rio de Fevereiro, tem carnaval. A prefeitura seria ocupada onde o Homem com “H“ pôs a mão, fantando só um dedinho.
A nossa constituição seria o símbolo e regeria a Organização das Nações Unidas Mundial e todos os povos dos cinco continentes viveriam ajoelhando-se à Ela, a nossa Constituição Mundial sob o brilho das estrelas do Cruzeiro do Norte. 
Felizmente, graças ao nosso bom Senhor do Mau Fim, e a nossa bendita Suprema Corte, conseguimos acabar com os corruptos que foram parar todos em umas “caixinhas de corruptos“ conhecidas como “cadeias“ e hoje são brinquedos infantis. 
“Comprem corruptos, senhoras e faça de sua criança feliz e um exemplo de alegria ao brincar com os mais diferentes corruptos. Tem corrupto de toda cor, espécie, gênero. Compre hoje em liguidação o seu corrupto de nunca mais...“, gritava em alta voz o pregoeiro daquela loja de brinquedos, a tão conhecida CORRUPTOLÂNDIA.
Já naqueles bons tempos, se misturavam em salada a corrupção privada com a corrupção pública. Felizmente, com fé de mais no nosso bispo Maiscedo e nos poderes de seus sacolões de promessas, uma santa amada corte viria para julgar os mais vivos que os mais mortos. Seria o final da avalanche “Você toma“ e “Quer que eu morra“.
Salve, salve, um navegante negro, do tronco dos Palmares, que das letras era o imperador e da maracutáia, o Relator. 
O Brasil gritava: “mamãe, Barbosão chegou.“
Seria o juizo final. Sob o comando de Barbosão, presidente da Suprema Corte Mundial de Injustiça, aquela era composta de noventa e oito Barbosinhas distribuídos entre mulatos, mestiços, índios e cafusos e mais um revisor, o ministro Trazendovski, totalizando, assim, cem conceitos da jurisprudência mundial.
Meses e mais meses, anos e mais anos se passaram e milhares de processos foram arrolados com acréscimos e mais acréscimos de documentos de um julgamento que jamais o mundo veria outro igual antes de transformarse no paraiso terranal que todos assistiriam pelos jornais das mais nobres e carismáticas irmãs - a TV Bôbo e a TV Recorre$. Mundo afora eram transmitidos todos os passos do julgamento da humanidade - O ANUALÃO - até mesmo por emissoras de menor porte como a BBC e a CBN.
Ah, que isso, meus amores? Jamais tivemos julgamentos de ladrões de galinhas como o julgamento de Galo Umberg. Tudo se acabara. Barbosão colocou atrás das grades a meio mundo e todos, em seu louvor, cantavam a uma só voz a canção que o ANUALÃO nos ensinou: “Santo, Santo, Santo, é Barbosão, o Rei do Universo. Infernos e Mares tambem proclama, a Vossa Glória, sem Osama nas alturas.“
Já a classe menos desigual gritava pelas ruas do Planeta: “Você viu o Barbosão por aí?“
Por tantas dores na coluna cervical de tanto garregar processos do ANUALÃO nas costas, Barbosão solicitaria seu afastamento da presidência da casa e cogitava-se na Corte Mundial, muito precocemente, o nome de Trazendovski. 
A população reagira indiferente pois estaria sanado todos os poblemas do mundo. Razão alguma seria impedimento para Trazendovski assumir a presidência do Plenário. Já viveríamos a era da perfeição total onde a corrupção não mais existiria, os povos se respeitariam e guerras em meios orientes e orientes inteiros não mais ocupariam as páginas dos telões das NETs. As religiões eram “Universais“ e uma paz reinaria em todo o mundo após o fim do ANUALÃO.
Nosso único lider voltaria ao poder, agora com os seus cinco dedos e dando classes de civilidade, carisma e, principalmente, português, a língua única de todos os povos dos cinco continentes e que o Senhor nos ensinou.
“Não, Maria, ainda não é hora de trabalhar“............“Levanta, meu pai, o senhor não trabalhará hoje?“, perguntara minha filha. “Claro, meu xodó, vamos agora à fantasia bendita. Me levantarei às dez, tomarei  meu café, darei um cheiro na mulher e nas crianças também. Irei pro trabalho com o céu ainda escuro, respirando todo o ar puro que o nosso Planeta tem“.

De Luiz Ferraz, em 27 de outubro de 2012.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

SOLEDAD




Soledad


Maldita soledad que siempre estas a mi lado

Infierno. Maldición diabólica infernal, déjame tranquilo.
Manténgase alejada de mí, de mis recuerdos. Infeliz.
Si usted es incluso la soledad, ¿por qué me acompanas adónde voy?

Antes no te has dado cuenta, miserable, junto a mi gran amor,

Lo que ya no está aquí, pero yo si que estoy siempre con ella,
Le converso por teléfono, le doy besos de amor, y tu me consumes?
Déjame en paz, soledad, puta miserable, sufriendo con mi dolor.

Todos los dias, abundante en los lechos de las arrugas en mi cara

Siento todas mis las lágrimas de sufrimiento que fluyen , miserable.
Maldita soledad infernal que está presente en todos mis momentos
Y mi alegría se esconde en los laberintos de mi disgusto enorme.

Gracias a usted, sólo usted, no me dejas vivir, maldita soledad desgraciada

Siempre los compañeros míos han visto solo mi dinero
Pero ya no faltara mucho, y tu sólo me acompanharás hasta la muerte
Que sigo teniendo madre afortunada. Quién no tiene madre, no tiene nada.

Luiz Ferraz, el 14 de agosto 2012


Dedicado a mi madre, Dalva de Mendonca Ferraz, ángel.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SOLIDAO

Solidão

Que solidão maldita que sempre ao teu lado estou
Inferno. Desgraçada maldição diabólica, deixa-me tranquilo.
Esteja ausente de mim, de minhas lembranças, infeliz.
Se és tu mesmo a solidão, por quê me acompanhas onde vou?

Antes não te notava, miserável, ao lado do meu grande amor, 
Que não está aqui mais agora mas que sempre com ela eu estou,
Eu lhe falo ao telefone, lhe dou beijos de amor, e tu me consomes?
Deixa-me em paz, solidão, puta miserável, sofrendo com minha dor.

São todos os dias, nos leitos das rugas abundantes do meu rosto
Sinto que se deitam e escorrem essas lágrimas de sofrimento, miserável.
Maldita solidão infernal que estás presente em todos os meus momentos
E minha alegria se esconde nos laberintos do meu enorme desgosto.

Graças a ti, e só a ti, não me deixas viver, maldita solidão desgraçada,
Que sempre fui bom companheiro dos que me viam só por dinheiro,
Mas já não faltará assim tanto, e só me acompanharás até a morte,
Que ainda tendo mãe e tenho sorte. Quem não tem mãe, não tem nada.

De Luiz Ferraz, em 14 de agosto de 2012

Dedicado a minha mãe, Dalva de Mendonca Ferraz, meu anjo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

AQUARELA DA VIDA CABOCLA

Aquarela da vida cabocla

Meu quirido primo e cumpanhero, 
Nossa vida e quiném um pincé,
Daqui pra lá, de lá pra cá, só mexeno
E cum muita atenção num modelo,
Mais qui beleza e qualidade, ocê depende
Do materiá qui ocê põe nos cabelo.

Intão pra lá, ocê vai só pintano,
Vorta pra cá, tão alegre como quê,
Mas tem vez qui a pintura iscorre,
E daí, só invai mesmo é lavano,
O que ocê levô muitos ano,
Fazeno um desmantêlo inorme.

Intão ocê mexe di novo cum pau, 
Qui tá entre seus dedo apertado,
Dá mais pra lá e pra cá e vai dano é cor,
Só intão ocê cumeça vê mais pra baixo,
Que o céu lá de cima, insolarado,
Num foi o mesmo que ocê já pintô.

Insastifeito, intao ocê vorta retocano, 
Cum o pincé bem mais firme na mão,
Mas, agora, a tinta que ocê ta usano,
Já vai secano e num pinta mais frôr.
Pode, inté, ser tamém, viu meu primo,
Que o probrema seja só do pintor.

Pra isso, vou dá ocê um consêio, 
Procê pintá um quadro dos bem piintado,
Um quadro feito só de lindas frôr,
E cum um céu lindo e insolarado,
Num carece mais que só duas coisa:
Pincé daqueles bão e coração de um pintor.

De: Luiz Ferraz, em 3 de outubro de 2012
Dedicado a meu primo Carlinhos Amaral, filho de Beto Amaral e Ivone.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

NAO ESCREVO MAIS...


Título desse verso:

NÃO ESCREVO MAIS

Dentro da caixa, uma saudade, 
Dentro da saudade, uma dor, 
Dentro da dor, uma lembrança
Dentro do meu peito, o amor.

Dentro da caixa, uma amizade,
Dentro da amizade, uma flor, 
Dentro da flor, um perfume,
Dentro do perfume, um odor.

Fora da caixa, a tristeza,
Fora da tristeza, um rancor, 
Fora do rancor, a esperança,
Fora da esperança, ai, Senhor.

Fora de mim, um coração, 
Fora de um coração, uma cor,
Fora da cor, o vermelho,
Dentro do meu peito, uma dor

De Luiz Ferraz, em 29 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A SAUDADE DO MATUTO

A saudade do matuto...

Passarinho, se ocê subesse, 
Quanto que dói a dô de uma sardade,
Cê num cantava no meu terrero
Às seis horinha da tarde.

Essa marvada dô, qui mim duece, 
Já fui inté vê um dotô
Pra mode de ele mim expricar
O pruquê que essa dô mim tristece.

Inzaminô, inzaminô, e di nada adiantô,
Daí, vei cum aquele mes sermão,
“Ocê toma e tenência na vida, home,
Que ocê, loguin, loguin, fica bão.“

Seu dotô, pra mode eu ser consurtado
Foi que eu invim aqui vê o sinhô,
Mas já vi qui invim nu lugar errado
Que ocê num intende é nadica de dô.

Num adiantô ocê sê dotô, bem formado,
Ocê perdeu foi seu tempo lá naquela facurdade,
De qui qui indianta ocê ter diproma na mão,
Se num sabe curar a dô de uma sardade?

De: Luiz Ferraz, em 15 de novembro de 1992

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A SAUDADE DA MINHA RUA

A saudade da minha rua.

Era a Rua Costa Ferreira, 
antiga Travessa das Pastilhas, 
que em uma tarde de verão,
queimando o sol como o quê,
e, eu, com a pena na mão,
às personagens, vida lhes dei,
dando-lhes o meu coração.

O mais nobre de todos eles,
era seu Romualdo, o vidraceiro,
casado com Marialva da Paz.
Ao lado havia, também,
Dona Apolônia, a portuguesa,
cujo o cajo do marido, Don Fernando, 
tinha por profissão ser tripeiro.

Pra alegria daquele solar, 
o primeiro casal deu origem 
a uma linda e delgada menina
que adorava briga e desordem
Náia era apelido e Isaura seu nome.
Já Dau, o progenitor varão,
Possuía uma cabeça enorme.

Conhecido como “Cabeça de Porco“,
tinha gente de todo jeito
naquele velho e sombrio solar:
gente gorda, gente magra
e alma de toda a cor;
tinha até “dama de branco“
pra criançada espantar.

Olha, lá, também, tinha o “Risca“,
cachaceiro como ele só e
irmão de um tal Deodato
que era um ciclista, sem tirar e nem por,
e fazia de seu velho tricíclo, o ofício,
de peças de maquinas de escrever, 
sua vida de entregador.

Lá no fundo ainda tinha seu Valdir,
vivendo com dona Sirley, seu amor, 
O casal era pai de Betinho e “Vidinha“,
não me esqueço, nao senhor.
E subindo a escadaria, lá por cima,
Era um mal cheiro de “mundiça“.
Era seu Alonso com dona Cinira “Fedô“.

Tinha lá, por Deus, seu Clulé,
que só de pé tinha uma légua;
os dedos do pé, que tortura, 
por onde todos caminhassem
o mal cheiro não dava trégua.
Estavam sempre bem protegidos
com a sandália da amargura.

Sei que os poucos eram vários, 
mas eram poucos em abundância, 
pois, hoje, muitos são poucos
e teria que a dedo escolher 
pra poder se fazer novamente,
e com o mesmo mostruário,
aquela rua de minha infância.

         Luiz Ferraz, em 24 de agosto de 2002



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

DOCE MAR...

Doce mar...

Ai, se eu fosse Deus,  
Te daria agora, em um piscar, 
Toda a água pura dos meus olhos,
Para ver-te em lágrimas se banhar.

Não piscaria mais meus olhos em vão,
Contas faria, eu, somente agora, 
Para que a lagrima sentida de outrora, 
Se transformasse em multiplicação.

Terias tu, ó linda flor, onde banhar-te,
Nas águas salgadas de um mar azul de anil,
Nas ondas fulgorosas e espumantes,
No doce mar das Minas, no Brasil.

      De Luiz Ferraz, em 19 de setembro de 2012

Dedicado a uma linda jovem chamada Kamila Isaac