terça-feira, 25 de dezembro de 2012

QUANDO O MEU AMOR MORRER

Quando o meu amor morrer...

Quando o meu amor morrer,
Quando o meu sonho se apagar,
Quando uma só luz, jamais brilhar,
Acreditem, então, só assim, 
Que morto estará o meu ser.

E um funeral nada pomposo,
Depois de uma despedida triste,
Terá que nenhum ser vivente,
De passo a passo, acompanhar,
E, nem, tão pouco, uma tumba fria, 
Com lápide de granito negro,
“Jaz aqui...“ jamais se escreverá.

Pois mesmo que morto eu esteja, 
Não estaei totalmente completo,
Porque sei que dentro de mim, 
Existirá uma única mulher
Por quem terei eterno afeto, 
Muito amor e total respeito,
Minha querida mãe, minha Dalva,

O que impedirá, por certo,
Que um órgão tão importante, 
E vital em sua função,
Se desfaleça, é claro, e, portanto,
Atentem com maior atenção,
Aos que ao meu enterro foram,
Acreditando me verem bem morto:

Retrocedam-se no tempo, irmãos,
E voltem para seus lares, 
Não derramem por mim suas lágrimas,
Já que Luiz Ferraz, o defunto,
Levantando-se do caixão escuro,
Fúnebre e, por demais, encarnado,
Com as mãos e pés bem juntos,
Sentiu-se bem aliviado,

Ao ver que todos aqueles,
Que falsas lágrimas deixaram correr,
Por faces escondidas e frias,
E brigaram até para segurar,
Na alça de uma caixa de morto,
A quem não lhes deu esse prazer,

Pois aquela tumba bem fria, 
Onde repousaria o meu ser eterno, 
Serviu somente de palco,
Com milhares de mortos presentes, 
E foram os únicos que ficaram, 
Ao me verem vivo, novamente.

Uma vez que tantos covardes,
Cheios de moral e falcatruas, 
Correram, assombrosamente, 
Enchendo toda uma rua.

O meu amor não morreu,
Por você, minha mãe querida,
Luz e guia da minha vida, 
Muito menos, meu sonho apagou, 
E uma nova luz se acende,
Gritem, senhoras e senhores meus:
“O defunto viveu novamente“, 

Porque meu falecido pai, 
Que tanto ensinamento me deu, 
Estaria orgulhoso agora, 
Neste momento de ressurreição,
Pra tão canalhas e hipócritas verem,
E pra quem ainda não viu:

Que na epígrafe de minha lápide,
Não estaria, jamais, escrito assim:
“Aqui jaz um pobre diabo, 
Que nunca amor nem sentiu, 
Mas que é filho de muitos pais,
E de uma puta que o pariu.“

De Luiz Ferraz, 
Em 14 de agosto de 2009

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