segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A SAUDADE DO MATUTO

A saudade do matuto...

Passarinho, se ocê subesse, 
Quanto que dói a dô de uma sardade,
Cê num cantava no meu terrero
Às seis horinha da tarde.

Essa marvada dô, qui mim duece, 
Já fui inté vê um dotô
Pra mode de ele mim expricar
O pruquê que essa dô mim tristece.

Inzaminô, inzaminô, e di nada adiantô,
Daí, vei cum aquele mes sermão,
“Ocê toma e tenência na vida, home,
Que ocê, loguin, loguin, fica bão.“

Seu dotô, pra mode eu ser consurtado
Foi que eu invim aqui vê o sinhô,
Mas já vi qui invim nu lugar errado
Que ocê num intende é nadica de dô.

Num adiantô ocê sê dotô, bem formado,
Ocê perdeu foi seu tempo lá naquela facurdade,
De qui qui indianta ocê ter diproma na mão,
Se num sabe curar a dô de uma sardade?

De: Luiz Ferraz, em 15 de novembro de 1992

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