quarta-feira, 17 de março de 2010

BURRO QUERIDO, MINHA SINCERA HOMENAGEM.






Eu sei, querido amigo, que essa terra de burros é a que você realmente gosta pois é a sua simplicidade, a sua vergonha, a sua moral e os seus valores. Não menores são os seus valores pelo tamanho da orelha e por essa expressão humilde, simples mas imponente. Você, sim, não se envergonha do passado, constrói o presente e sempre será orgulho no futuro.
Você, velho companheiro, que desbravou o Brasil e o mundo, e que, por todos nós, é tão ignorado, aqui o meu reconhecimento de seus valores reais.
Não menos distante do que alguns passos de sua bela morada, querido amigo, você se depara com aqueles que usam o seu verdadeiro nome para desprestigiar o semelhante, para avacalhar com alguns poucos.
Quantas vezes, amigo velho, você já não escutou alguem dizer “você não passa de um burro“ ou, entao, “burro é o seu pai“, não sabendo jamais que você e sua fêmea, “aquela mula“, pejorativamente dito por outros tantos, híbridos, sendo assim não responsáveis por todas essas atrocidades que até mesmo contra você, companheiro velho, são cometidas? Vocês jamais foram responsáveis por tanta imbecidade, por tanta imoralidade, por tanta falta de honestidade e calúnias entre os humanos.
Já reparou, burro querido, que até mesmo junto aos seus irmãos equinos você leva muita desvantagem na boca de tantos idiotas? Alguma vez você já ouviu dizer que fulano foi “andar a burro“? Jamais. Prestigiam o cavalo sempre e tentam te inferiorizar: fulano adora “andar a cavalo“, mesmo que esse cavalo seja até mesmo uma égua.
Quanto a sua fêmea, é sempre vestigio de preconceito e estupidez: “isso é uma mula“ quando a comparam com as mulheres que, por um “que“ ou outro cometem algum deslise ou qualquer falta de conhecimento.
Já a égua, ao contrario de sua fêmea, é merito das mulheres lindas e de corpos esbeltos e que, na cama, satisfazem aos seus parceiros de forma extraordinariamente estupenda.
Não se preocupe, velho amigo, que eu, sendo humano, lhe rendo homenagens de mérito por seu valor incomparável. Você é, realmente, um burro. Não se queixe. Você sendo burro, velho companheiro, deixa de ser outro animal sem qualquer predicativo favorável como tantos que se espalham por toda a nossa nação brasileira.
É, sem sombras de dúvida e melhor mil vezes, estar na burrolândia que em muitas salas do planalto. É incomparável sua moradia na burrolândia a estar presente em vários cargos e ministérios. Já imaginou se você fosse agora o governador de Brasília? Que vergonha passaria em ter seu mandato caçado por corrupto? Disso, companheiro velho, você está livre. Você é só burro. Você não é canalha. Você nem vota e nem é votado. Mas muitos se fazem passar por você.
Você não se vende, você não é corrupto. Nem meias e nem cuecas você usa, não é mesmo? Você é burro. Você não sabe mandar dinheiro para paraíso fiscal. Você não engana eleitor, não é assim? Quem gosta de você é porque reconhece o seu valor.
Ah, você não fuma, não ingere bebidas alcoólidas, não usa drogas. Você está sempre sóbrio. Nem dirigir você sabe. Você é burro.
Como eu te invejo, meu amigo. Como eu gostaria de ser você.
Não se intimide jamais. Você só é burro, bom amigo e nada mais.
Um forte abraço, amigo fiel.
Luiz Ferraz

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