sábado, 29 de outubro de 2016

DEUS E EU

DEUS E EU

O ponto de ponto é ponto
Pontuar é quem nunca faia
Bem na hora do encontro
Afiado quiném navaia

Padre que é bom de missa
Reza de cor e sarteado
Mais de zóio na esmola
Que em Jesus crucificado

Tem beata de punhado
Que num qué sair do armário
Mas na hora da penitênça
Reza mais de cem rusário

Tenho dó do sacristão
E também  do coroinha
Pois missa de padre véio
É a mesma ladainha.

Rezei mil sarve rainha
Outros tanto crendeuspai
Com seu vigário me dizeno
Milagre custa mas sai.

A muié de Malaquia
Já de tanto que comungô
Tem mais Cristo dentro dela
Que o Cristo Redentor

Seu padre num vô na missa
Não me chame não senhor
Revorta ver a casa de Deus
Cheia só de pecador

Sei que Deus me perdoa
Sei que o Divino me entende
Mesmo sem saber rezar
Amo mais que muita gente.

Em nome do Pai eu digo
Do Filho digo também
Espirito Santo me dá medo
Mesmo assim eu digo amém

De Luiz Ferraz
10 de novembro de 1988

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

POESIA SERTANEJA

POESIA SERTANEJA

A poesia feita no sertão
Não e seca. Não é não.
É uma poesia dolorida
Rica das dores do solo
Do calejado das mãos
Traços marcados no rosto
Das trilhas secas do chão
Olhos que não suportam
Águas secas que brotam
Das lágrimas do coração.

É do carcará o cantar
As danças de mamulengo
Os calangos no roçado
E couro de meu gibão
É todo chamego e o dengo
De bonecos de Vitalino
Carnaubeiras tão altas
Chame o povo meu irmão
É triangulo, zabunba e o fole
No xote, maracatu e baião.

São as terras de muito Zé
Das Dores, Sant'ana e Maria
Terras secas à vontade
E de um luar do sertão
Tem até coco catolé
Tem o sol todo do mundo
Com a brisa da poesia
A noite de muita esperança
Onde a lua de meia noite
Com o calor das doze do dia.

De Luiz Ferraz
24 de agosto de 1997

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

FAZENDO A BARBA

FAZENDO A BARBA

Pois olhe e passe a mão
Você nunca se endireita
A barba de ante ontem
Vê se agora está bem feita.

É pelo pra todo lado
E uma lâmina bem surrada
Minha mão que não se ajeita
Pelo só que me atrapalha
E com o fio de sua língua
Afiada quinem navalha.

Mas agora de cara limpa
Depois de tanta amolação
E de rosto como ela quer
E par de mãos de aconchego
Nada agrada mais o homem
Que o carinho de uma mulher.

De Luiz Ferraz
17 de outubro de 2016

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

SITUAÇÃO

Situação

Ai, meu Deus
Que carteira que não fala
Quem jantava no Cipó
Hoje tá chupando é bala.

Quem fazia tres "montinho"
Veja que  situação
Quem antes não chupou dedo
Hoje tá comendo a mão.

O freguês já é bem pouco
Em 12 horas de jornada
Chauffeur que fazia muito
Hoje tá fazendo é nada.

Não fosse os companheiros
Amigos do cafezinho
Nem assim nós  lembraria
Dos tempo de 3 "montinho".

Se eu vi, já não  me lembro
Na carteira um bom tutu
Vou procurar outra coisa
Pras banda de Manhuaçu.

De Luiz Ferraz
24 de setembro de 2016

Esse samba eu fiz em homenagem ao companheiro Quati.