O BRASIL QUE CHORA
Que tristeza ver a minha terra hoje em dia que chora pelo desentendimento dos seus filhos. É muito de se lamentar ver uma grande parte de seus filhos unidos por um ódio que nem sabe de onde vem. Tentativas e muito mais do que isso por pura ambição a um poder e esquecendo-se dos irmãos menores que sofrem assistindo a uma guerra ferrenha por parte de seus mais adultos e, supostamente mais aptos à condução da mãe. Brigam entre si por tudo que a mãe lhes dera de coração e naturalmente.
Hoje, minha terra se vê em um mar que antes fosse de lama ou somente água. Não. Não é bem assim. É um mar de escândalos que afeta a todos nós. E para que? Para, simplesmente, ver quem estará ainda mais acima e não se curvará a mais nada a não ser ao ódio e ambição. Eu, quando criança, sem ainda qualquer conhecimento, me alegrava pelas desavenças de um futebol que nunca joguei mas via minha terra vibrar. Hoje já não vejo mais isso. Posso assistir de camarote não mais as jogadas de Didi, Pelé, Ademir da Guia, Garrincha e tantos outros craques da pelota, como se dizia na época.
Hoje, até aquela paixão brasileira, aquela coisa bela de tantos milhões em ação por uma partida de futebol foi substituída por um gigante teatro grotesco onde políticos se jogam entre si aos leões e a platéia - o nosso povo brasileiro - que sem entender porque brigam tanto, dão gritos de louvor a alguns e a outros tantos, atiram-se a eles, também, sem saber porquê, lá em baixo na jaula dos leões da grande arena chamada Brasil. Todos se odeiam entre si e o que é ainda pior, a ira voraz se arremete contra leões e todos acabam sendo consumidos por mais ódio de vingança e ambição de poderio. Não enxergam que de lá, bem do alto, a mãe pátria chora por seus filhos que se vão no desentendimento.
Mas não somente isso o que pudesse ou a ainda se tentar fazer. O pior é o espetáculo visto lá mais do alto por todos das nações vizinhas e nem tão vizinhas. Dão gargalhadas e achincalham ainda mais a grande luta de todos os irmãos em uma só arena que eu, jamais gostaria que fosse chamada de Brasil.
É. Eu sei que mesmo contra o meu ímpeto, é assim que os povos estranhos se referem à guerra dos irmãos que, como nuna briga de rua, os que se achegam, gritam, zombam, cospem e com porretes, ainda, acertam em qualquer um que possam acertar. Afinal, meus conterrâneos, eles não sabem quem é quem. Querem, simplesmente, ter o prazer da avacalhacão e baderna - dois termos super bem empregados nesta crônica.
Tudo isso para que? Para existir uma desunião entre irmãos e provocada por próprios irmãos.
Que diria Guimarães Rosa desse sertão faminto? Sei não, seu moço.
Que sinfonia poderia Vila Lobos compor de tudo isso. Certamente ele cederia lugar à música eletrônica.
Nunca leram os versos de Patativa do Assaré entitulado "Prefeitura sem Prefeito"?
Ah, que tristeza me dá.
Melhor fico com o saudoso Mario Quintana pois tenho que seguir vivendo. Mas que tristeza me dá.
"Um dia...Pronto!...Me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer: Que me importa?
O diabo é deixar de viver."
Mas que tristeza me dá.
Por Luiz Ferraz
quinta-feira, 31 de março de 2016
quarta-feira, 9 de março de 2016
AS POMBAS DO MEU POMBAL
As pombas do meu pombal.
Voar assim e conhecer, ai
quem me dera,
A diferenca entre o bem e
o todo mal
Conhecerás tu mesmo a
primavera?
Ou duvidarás em que não
mais há esperança,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal?
Palmadas, dá-me, oh mãe,
no meu traseiro,
Que a bunda não foi feita
pra sentar,
Faz-me lembrar, minhas
lágrimas, os sentimentos,
Que desse pranto, são
dores de lamento,
De ti, que já não sabes
nem chorar.
Minhas pombas, não ouçam
dos modernos, os clamores,
Que vocês foram sempre
feitas pra voar,
Que de asas não são
feitos os roedores,
Nomenclatura que a querem titular,
Voar, nunca a ninguém fez
tanto mal
Nos sonhos, miseráveis,
destruidores,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal.
Os meus olhos já não
vêem o corpo inteiro,
Mais câmeras já se tem
que instalar,
Tenho saudades das dores
de um sofrimento,
O meu nariz já não respira mais alento,
Desse corpo que não sabe
mais falar.
O que são as dores agora,
oh, doutores?
Pergauntas que não se
podem contestar,
É a tristeza te dodos os
meus amores,
Que se consomem em um
corpo não natural
Voem vocês, por trás
dos bastidores,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal.
Meu sangue, me carreguem
vocês, oh, meus amores,
Que já vou sendo a extinção de uma quimera
De uma raça que nem ouve
e nem se espanta,
Nem com glórias e nem
gritos de louvores
E nem com alma presa na
garganta.
Livrai-me, minhas amigas,
deste mal,
Vocês que são todas os
sentimentos,
Cubram-me com um vôo de
excremento,
Que não me lembrem nem
com choros e lamentos,
Me afastem de todos os
malfeitores,
Minhas pombas, sentimentos
do meu pombal.
Luiz
Ferraz, em 21 de julho de 2012
quinta-feira, 3 de março de 2016
O LUAR DO SERTANEJO
O LUAR DO SERTANEJO
Como é boa a vida do sertão.
Lá por onde a humildade nasce,
Cresce ali mesmo com o sertanejo,
Toma corpo, toma forma e toma jeito
Mas não deixa, de forma alguma, a beleza do seu luar.
O sertanejo nunca foi triste.
O sertão é o que tudo existe,
Sem tempo e nem preguiça pra contar
Que mesmo morando na roça,
Não deixa, de forma alguma, a beleza do luar.
Só quem conhece pode provar
Que o luar do sertanejo
É quem lhe provoca o desejo,
Antes de amanhecer o dia, e só com uma Ave Maria
De ir pro roçado trabalhar.
O sertanejo não fala senhora. É “muié“
Garfo pra ele não existe. É “culé“...
Não existe almoço nem jantar. É o “cumê“ do dia
Que com qualquer mistura e café
Faz o buxo ficar de pé.
O sertanejo não é um sofrido.
Ele tem prazer em plantar, em colher,
O andar do sertanejo não é caminhada,
Mas o movimento bonito é o da enxada
Que você pensa que sabe mover.
Lá não tem hora bem marcada.
É tudo pela luz, sempre do belo dia
E a jornada sempre se encerra
Com o recolher das galinhas
E o sol que se deita là por cima daquela serra.
O amor lá nao tem nome
Tudo o que se produz, se consome,
E os filhos do sertanejo todos saem pra cidade
Mas o sertanejo lhes pede, por caridade, “pra tudinho vortá
Pois num tem nada nesse mundo mais bonito que o nosso luar“.
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