domingo, 30 de julho de 2017

CASA DE BONECAS

Casa de Bonecas

Não passava de dez da manhã e, naquele mesmo sábado, diante delas tres, Maria, Toninha e Selma e, posteriormente, mamãe, foi quando me acovardei. Eu, jamais poderia ter visto aquilo e me calado. Talvez fosse meu olhar muito crítico e sensível e de compadecimento para com aquelas bonequinhas maltrapilhas em seu vestir e clamando-me por suas solturas do maldito cativeiro que Maria e suas comparsas a teriam levado, tivessem feito de mim um menino incapaz e sem atitudes.
Elas tres já vinham combinando tudo e como seria a casa e suas bonecas. Organizaram no canto da sala seu covil de tortura. Eu, sempre muito calado, espreitava sempre de longe o comportamento dos carrascos. Que poderia eu imaginar? Absolutamente, coisa alguma. Era o trio manipulador quem dava as ordens e, muitas vezes, em comum acordo, me olhavam com ar de desprezo por pensar que eu seria o clamor daquelas pobres e infelizes bonequinhas. Eu, por minha vez, ao reluzir de cada olhar daquelas tres em minha direção, sentía-me o próprio e seguinte réu condenado naquela inquisição.
Levantavam e transportavam as pobres infelizes sem dó e nem piedade de um lado para outro por simples e mero prazer em arrastá-las pelos compartimentos da casinha improvisada no canto da sala. Não lhes enchiam de alma e nem coração. Não lhes davam o mínimo direito de, sequer, escolher onde gostariam de estar ou fazendo isso ou aquilo. Lavando uma cozinha, quem sabe. Contando entre elas, as bonequinhas, dos prazeres da vida, das desilusões amorosas e assim por diante. Não. À elas não era dado esse direito. Iam para lá e para cá mediante imperativas ordens e transferências ao pegá-las. Pobre e infeliz que fui. Eu assistia àquilo diferentemente e lhes dava, àqueles tres seres inanimados, tamanha esperança que elas pareciam apenas esperar o momento da falta de vigilância.
Mas elas iam de um lado para outro, faziam as tarefas que lhes eram impostas e com garra. Sabiam que tinham por detrás daquelas inescrupulosas e sem piedade toda a força de meu querer bem e minha proteção.
Às vezes, ausentes de qualquer sensibilidade, duas delas e, algumas quantas vezes, as tres, agarravam a mesma pobre bonequinha e, ao mesmo tempo, ordenavam qualquer coisa impossível. Fui covarde mas astuto. Quando dessas passagens eu as convidada a uma distração compulsória, chamando por mamãe. Era a única salvação. As bonequinhas pareciam me agradecer e eu as sorria. Elas eram vida para mim e não objetos de brinquedo. Elas deveriam ser tratadas com carinho, olhadas nos olhos e representar, na verdade, a cada uma das minhas duas irmãs e sua coleguinha.
Ao chamado do almoço por mamãe, papai já sentar-se-ia à mesa. Aproveitei a saída das tres e, imprudentemente, coloquei ao lado de cada uma delas os respectivos nomes de minhas duas irmãs e o de sua colega. Adiantei-me dizendo que elas teriam, depois do almoço, sensibilidade, zelo e carinho umas para com as outras pois aqora já não seriam mais tres maltrapilhas de pano e, sim, gente. Todas com alma coração e vida.
Já vou, papai, disse eu, atendendo ao seu chamado.

Luiz Ferraz

Dia 30 de julho de 2017

segunda-feira, 27 de março de 2017

BAIÃO DO AGRADECIMENTO

Baião do Agradecimento

Agradeço a esse bom brasileiro
Que veio do norte
Em cima de um caminhão
Falo de Lula, seu moço
Que do São Francisco
Fez a transposição
Que ao nordeste deu água
E que reconheço nesse meu baião.

Amanhã já vai água encanada
E bom aumento em minha produção.
Vejam bem a razão da discórdia
E me diga se é inveja ou não.  (Refrão )

É como diz o ditado
Água quem agradece é o chão
Que o nordestino, coitado
Batendo enxada e calejado na mão
Viva bem mais sossegado
De solo fértil pela irrigação
Pois se Lula abre mais um riacho
Inunda toda a nossa nação.

Pois,  agradeço eu a Lula
E a Deus, em primeira posição
O que sempre aprendi de menino
Que trabalho é obrigação
Nada, de graca, seu moço
É bem vindo com satisfação
Se o cabra não fizer com esforço
Nada do céu cai na mão.


De Luiz Ferraz
25 de março de 2017








terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

SÓ COMO DA BOA


Não vou comer qualquer coisa.

SÓ COMO DA BOA

Jamais provei contra filé
Picanha do bom churrasco
Não fez parte do meu prato
Filé mignon, eu que o diga
Em cardápio de restaurante
Só vi mesmo no retrato.

Todo dia lá no morro
Quase na hora do almoço
A nêga me toma a grana
Enfiando a mão no bolso
Faz galinha ensopada
Que só tem pé e pescoço.

Eu nunca fui um Zé Mané
Só dei uma de bom moço
Se nunca pude comer filé
Vejam só, mais que colosso
Não vão me empurrar o nervo
E eu não vou roer um osso.

Agora vem com chã de dentro
Se eu não como chá de fora
Picadinho eu não aguento
Mesmo que feito na hora
Se não dão do bom que como
Dou adeus e vou embora

Passa fora, senhor
Se de primeira eu não como
De segunda não vou comer? (Bis)

De comer qualquer coisa,  tá por fora.

Luiz Ferraz
Em 28 de fevereiro de 2017

sábado, 28 de janeiro de 2017

MINHA VIDA NA ROÇA

Minha vida na roça.

Vivo só o natural
Esta é minha filosofia
Tem gente que me critica
E há até quem mesmo duvida
Pra esse mundo virtual
Aviso que eu vivo a vida.

Comigo não tem whatsapp
Instagram e Facebook, aboli
Twitter não foi coisa certa
Vejam só o meu exemplo
Pra viver bem minha vida
Tenho muito mais é tempo.

Houve quem me criticou
Durante essa longa corrida
Alimentei bem o cérebro
Busquei nunca fazer intriga
Mas vejo que alimento de pobre
Só engorda mesmo é a barriga.

Lá na roça sou muito feliz
Comtemplando a natureza
A comida natural é saudável
É o meu melhor alimento
Pra me levar pro roçado
Meu UBER é o meu jumento.

Pito meu fumo com gosto
Sem ter qualquer regulamento
Não preocupo com horário
Tudo pra mim é bom tempo
Há quem pense ao contrario
Que minha vida é um sofrimento.

Para gosto fizeram as cores
Isso é o que eu sempre falo
O mesmo que tantos amores
Pra quem é muito enamorado
Deito cedo com as galinhas
E acordo no cantar do galo.

Eita, como minha vida é boa
No mundo que é bem pequeno
Mas dentro dele sou grande
Alegria sem complemento
Concebo que a riqueza da vida
Está dentro de cada elemento.

Por Luiz Ferraz