quarta-feira, 22 de julho de 2015

MEMÓRIA

Memória

Vagas tu, por toda uma vida, 
Vividas, de contador de estórias,
Contas tu, uma dor sofrida, 
Chama-te, simplesmente, a ti, memória.

Para que te quero a ti, miserável espanto?
Que me fazes sofrer em falsa glória. 
O passado, lembras tu, a todo encanto,
Mas não sou eu, e, sim, tu, memória.

Descobres tu, o manto do passado, 
Embelezas a mil, toda aquela escória,
E do pó cinzento, vê-se, ainda, os retalhos,
Comtempla-te tu, maldita e boa memória.

Deixa-me viver meu finais e velhos dias,
Envelhecer minha arte bela e compulsória,
Para que material, tenhas tu, em demasia
Contas em morte, minha vida; em vida, as memórias. 

Luiz Ferraz, 
24 de agosto de 1989

sábado, 4 de julho de 2015

MEU BRASIL BRASILEIRO

Meu Brasil Brasileiro

Eu sou muito, do meu Brasil, um brasileiro,
E do muito, pouco, ainda, do inteiro.
Eu sou todo, o infinito, um brasileiro,
Que vive, choros e lamentos, no estrangeiro.

Pouco sois vós,  um brasileiro,
Se de temblor não cai o mundo inteiro,
Dai-vos de conta, velho patriota companheiro,
Enxergai vós,  pouco, a luz do meu luzeiro.

Lutemos nós, com as forças do guerreiro,
De vãs palavras estás vasto, lisonjeiro,
Deitar calúnias não constrói um só ponteiro,
D'cardiais pontos do m'Brasil bem brasileiro.

Elevai vós a alma e corp'inteiro
Fazei vós vossa parte cabida como herdeiro,
Olhai vós, somente tu, do meu cruzeiro,
Que verás vós a mim, do Brasil, um brasileiro.

 Luiz Ferraz