Escrever bonito era tudo que eu mais queria,
Mas os pensamento só anda tudo ocupado,
Num dia, se vai em frente, no outro só disvia,
Eu sei que quarquer dia desses, na cabeça,
Bem cedim, bem no cantar do galo,
Ela ingrena, põe o rumo no tranco e esfria.
O que não se pode, com certeza,
É só ficar triste e todo amuado,
Que os pensamento, sem esperar, vorta logo,
E nóis num pode esquecer, afinar,
Que é no gingado da cabeça,
Que nóis têm os resultado.
Um dia de pensar tá mais procê,
E in otro dia tá mais é pra mim,
Quando ocê pensa só nas mulher,
As danada só pensa é nim mim,
E quando ocê só pensa nim home,
Os home só pensa só nocê.
Mas o compasso da vida é boa,
Quando é tudo bem equilibrado,
Ocê num pensa no que ocê deseja,
Pois já é tudo bem cumbinado,
Pois é no gingado das cadeira,
Que se conhece o rebolado.
Quando se quer pensar coisa atôa,
Nóis só pensa nim coisa ruim,
Depois eles fala que a via é boa,
Tudo na vida é muito ingraçado,
Inté é na qualidade do estrume,
Que nóis cunhece o ruminado.
Num indianta ocê só querer bem,
Se ocê num é bem desejado,
Nem ter aquilo que os otro têm,
Que inveja é um mal desgraçado,
Pois pinto só nasce redondim,
Pruquê o ôvo é bem ovalado.
Por isso num indianta ocê iscrevê,
Se seus miolo tão tudo ocupado,
Ocê inté tenta iscrever dereito,
Mas só iscreve é tudo errado,
Ocê inté quer ser dotô nas letra,
Mas num passa de um pobre coitado.
De: Luiz Ferraz,
Em 11 de marco de 1988