quinta-feira, 12 de julho de 2012

POR QUE LA NO CATIMBO?


Por quê lá no Catimbó?


Ai, coitado, tão capira como ele só, 
era tudo tao lindo como naqueles tempos
em que tudo era humilde, tudo era uma coisa só.
Nao existia amargura, nao existia tristeza e tudo era beleza.
Todos se foram, todos se adiantaram e me deixaram aqui tão só.
Nao sinto temores, tenho aqui meus amores,
e como é tao lindo viver lá pras bandas do meu Catimbó.


Ninguém conhece a razão, ninguém é aquela excecão
pois todos se foram e eu aqui, de único, fiquei só.
Todos falaram de divisão, de um mar que se abriu, 
E todos foram testemunhas de algo que ninguém viu;
ou de um fogo que se escreveu, ou de uma gente que sumiu,
Foi o que todos falaram quando todos me deixaram.
Mas eu não sinto temores, tenho aqui os meus amores
pois é tão lindo viver lá pras bandas do meu Catimbó.


Nem ninguém quer saber mais se fui reduzido a pó,
Ninguém nem, sequer, se lembra do que e melancolia, 
E o que será alegria? As compras de tantas riquezas?
E é uma gente tão fria que no fundo me dá tanta dó.
Ninguém confia em ninguém. Qualquer um e mais que alguém.
A emoção nao existe; é uma formalidade só e de tudo há ritual
Nada lá nunca foi igual, todos numa multidão e numa solidão que dá dó.
Mas eu não sinto temores pois tenho aqui meus amores, 
E é tão lindo aqui viver, aqui pras bandas do meu Catimbó.


Eu sei que é bem distante mas é só lá que vivo só, 
De Maracangalia pra lá, bem medidas, dez leguas e meia, só,
No entanto nem tão longe, pois é bem pra cá do rancho fundo.
Daquele que, pra quem sabe, fica bem pra lá do fim do mundo,
Nao tem placas e nem sinais e nem desvio de pedestre,
pois lá quem passa sou eu, E lá é que eu ando, vou e volto.
Mas eu nao sinto temores pois tenho lá os meus amores
e como é tão lindo lá viver, lá pras bandas do meu Catimbó.


Eu não sei mais o que eu faria, se, de repente, tivesse um dia
que retornar à multidão. Essa multidão tão fria, Seria tudo isso em vão,
Estar ao lado de tanta gente, e vê-se que, tão somente, estaria eu é tão só.
Viver com hipocrisia, com toda mesquinharia, de falsidade e fantasia.
Estar morto na vida  vivendo, sofrendo de lamento em lamento, 
e festejando estar contente, ao lado de tanta gente que chega a me fazer dó.
Mas eu não sinto temores, tenho aqui os meus amores.
Como é tão lindo viver aqui pras bandas do meu Catimbo.


                                  Luiz Ferraz, em 11 de julho de 2012

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