Neste 30 de novembro de 2014, assim como em anos anteriores e por algumas décadas, recebi parabéns de algumas quantas pessoas. Não foram tantas assim pelo simples fato de eu nunca ter sido tão popular - o que méritos para tal não me tenham faltado.
Na minha infância eu sempre me emocionava com a maioria dos presentes ao aniversariante e, também, às modestas festinhas feitas por mamãe para agradar aos convidados. Me relacionei sempre muito pouco e não era de amizades desde criança. Pra ser bem sincero, acho que nunca fui criança.
E, hoje, ao ver-me tão distante de minha terra, com o passar de tantos anos, não lamentaria a falta de uma festinha infantil ou de umas felicitações que não me foram dadas. Acho que sempre enganei a mim mesmo com os tais presentes. Eles nao eram presentes. Eles eram apenas alegrias momentâneas que se desfaziam ao longo do tempo por mais forte o meu esmero por aqueles apanhados materiais - os presentes.
Eu, há tempos venho percebendo que meus verdadeiros e grandes amigos estão tão distante de mim - papai, mamãe e meu Brasil tão querido.
Falem de mim o que quiser. Eu não ligo de qualquer forma. Eu sou autêntico, verdadeiro, sincero e amante dos meus tres presentes que, para muitos, valem tão pouco, para outros tantos, valem quase nada e, para mim, são o meu grande tesouro.
Papai, coitado, um semi analfabeto; mamãe, essa, pouco conhecimento tinha da leitura e o meu Brasil amado que acalanta meu velho pai em suas terras tão secas mas boas, que acalantará mamãe, debaixo de sete palmos de chão em uma cronologia sem lógica e, finalmente, a mim, no meu derradeiro leito.
Papai tinha seus enganos. Mamãe se enganava também mas minha pátria amada, idolatrada, salve, salve que por tão rica é tão pobre, que por pobre e tão rica e que por tantos filhos ingratos é impedida de seguir em frente sem sequelas.
Oh, mãe.... eles não são meus irmãos. Tantos que disfazem de você por achar a mãe do vizinho melhor. eu sei, minha mãe pátria, que tuas lágrimas rolarão por eles um dia e não somente por ingratidão mas pela tua nobreza de mãe.
Tenham vocês, os meus presentes - meu grandioso e finado pai, minha dádiva de mãe que ainda me acompanha e meu Brasil brasileiro - os meus parabéns a vocês, no dia do meu aniversário.
Luiz Ferraz
30 de novembro de 2014
