Já lá se vão, deveras, anos a fio,
Em linhas, meu corpo é quem espera,
O leito eterno sem estar no cio,
O tão curto fim de uma quimera.
Quem andava sempre teso à espera,
Caldaloso agasalho ao frio que sentia,
Não espirra mais o bem que é dela,
Já à porta dela chega e se desvia.
Agora, agasalhado, não sentirá frio,
Com as linhas, teu corpo na gaveta,
Perdão, agora morto é quem espera,
Termina tua obra de putaria,
Dormirá bem quente, o esqueleto,
Juntinho, bem grudado ao capeta.
De: Luiz Ferraz