terça-feira, 2 de abril de 2013

CARTA A PAPAI


Carta a papai

Papai, faz hoje bodas de prata a tua partida,
Vinte e cinco anos fazem, hoje, que o senhor foi embora,
Sei da agonia que martiriza todo o seu dia
E uma tristeza que aperta o meu peito, agora.

Já faz, também, algum tempo que o senhor está me esperando,
Lamento dizer que ainda nao chegou a hora,
Mamãe, aqui comigo, com cuidado, ainda vai levando,
E já não é a mesma que o senhor conviveu outrora.

E a negrura dos meus cabelos que o senhor viu um dia,
Já não é a mesma que o senhor pode ver agora,
Me conte, aí, como vai titia?
Minha segunda mãe que tanto me adora.

Penso em vocês todos aí, desde o raiar do dia,
Mas à noite, a angústia da saudade em mim é quem chora,
Tento parar mas me impede uma melancolia,
No passeio eterno estão indo e eu ficando de fora.

Seus netos já estão todos bem criados,
Já não necessitam mais de minha velha mão,
Parece que os meus dias estao até mais contados
Pra que celebremos aquela nossa velha união.

Quero chegar pra te abraçar de cabeça fria,
Te mostrando que teu ensinamento nao foi em vão,
Que triste ficarei por mamãe me deixar um dia,
Mas alegre por saber que,voces dois, juntos estarão.

Ai, papai, que bom. Quando será o dia?
Me avise antes de um romper da aurora, então,
Sei que estaremos todos com muita alegria,
Pra que celebremos aquela nossa velha união.

Papai, com lágrimas  no rosto, teho que te deixar agora,
Pois os afazeres aqui em baixo não me dão mais trégua,
No fio de um prumo, retinho, espero a hora de ir embora,
Em elavador de circulo de compasso pois isso aqui é uma regra.

Um beijo grande para quem, contigo, me espera,
Em minha despedida, quem ficar, por favor, não chore nao,
Que minha presença, aqui em baixo, nao foi mais que uma quimera
E com minha, ausência, meu pai, celebraremos nossa velha união.


De: Luiz Ferraz
Em 2 de abril de 2013.